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12 June 2013 15h35

Cavaco: FMI e UE têm objectivos e visões diferentes

O chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, defendeu hoje, numa entrevista à SIC, que é altura de reponderar a composição da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI), com a saída da instituição liderada por Christine Lagarde.
 
Na sequência desta afirmação, questionado pelos jornalistas em Estrasburgo, à margem de uma visita ao Parlamento Europeu, o Presidente da República afirmou que, em sua opinião, "é tempo de o desenho dos programas de ajustamento, a sua avaliação e acompanhamento serem feitos por membros das instituições europeias".
 
Isto porque, sustentou, os "objectivos e a visão" do FMI são "diferentes" dos da União Europeia (UE).
 
"O objectivo do FMI está muito voltado para a estabilização financeira, na União [Europeia], nós temos objectivos de desenvolvimento harmonioso, de coesão e de crescimento económico", afirmou Cavaco Silva.
 
O Presidente da República disse ainda que o FMI "está habituado a tratar com países isoladamente", enquanto na UE existe "uma grande interdependência das políticas económicas e financeiras", as possibilidades de contágio "são muito fortes", motivo pelo qual não se pode separar um Estado-membro dos restantes.
 
"Depois da experiência de uma 'troika' com o FMI, é minha opinião pessoal que era melhor pensar em representantes das instituições europeias. No fundo, era imaginar como que um Fundo Monetário Europeu para desenhar [e] acompanhar as políticas de ajustamento dos Estados-membros em dificuldades, tendo em linha de conta aqueles que são os valores, os princípios e os objectivos da União a que pertencemos", sustentou.
 
Cavaco Silva congratulou-se ainda com o facto de o presidente do Parlamento Europeu ter "reconhecido" hoje que "é tempo de fazer uma reflexão sobre a composição e o papel da 'troika' nesta nova fase de execução dos programas de ajustamento".
 
O 'think tank' (grupo de reflexão) Bruegel já sugeriu a criação de um Fundo Monetário Europeu, uma nova instituição europeia que ficará responsável pela negociação, financiamento e monitorização dos programas de assistência financeira, em substituição do FMI.
 
Também o membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE) Jörg Asmussen admitiu, a 08 de maio, o fim da 'troika' na sua composição actual (BCE, FMI e Comissão Europeia), mas apenas quando o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) se tornar uma instituição "plena" da UE.