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22 March 2024 12h19

Centeno avisa: margem financeira não é para consumir no presente

Num recado para o próximo executivo, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, avisou que a margem financeira que o país criou nos últimos anos não deve ser consumida no presente, mas sim guardada para uma eventual crise futura.

O ex-ministro não quis comentar um eventual orçamento retificativo ou medidas concretas de subida de salários entre alguns setores da administração pública. Mas Centeno insistiu na necessidade de assegurar a estabilidade orçamental e que frisou que a margem financeira é "essencialmente nula", sobretudo dadas as novas regras europeias.

No Boletim Económico divulgado nesta sexta-feira, 22 de março, o banco central reviu em forte alta a estimativa de crescimento económico para este ano, esperando agora que o PIB suba 2%, quando em dezembro antecipava que subisse 1,2%. O BdP antecipa também que os preços subam agora menos do que o previsto (2,4% contra 2,9%). Assim, as estimativas do BdP colocam a economia portuguesa a crescer perto do seu potencial e acima da média da Zona Euro.

"A previsão que fazemos traz boas notícias", comentou Mário Centeno, na conferência de imprensa para apresentar o Boletim Económico de março, que decorre em Lisboa.

No entanto, o governador fez questão de sublinhar que o bom desempenho previsto para a economia portuguesa acontece quando a economia da zona Euro deve praticamente estagnar e num contexto de "condições de financiamento desafiantes".

Nesse sentido, o ex-ministro das Finanças socialista deixou um recado para o próximo Governo: "A política económica deve preservar a margem financeira para a próxima crise".

"É das poucas certezas que temos: a próxima crise vai existir. E a primeira coisa que devemos perguntar é se estávamos preparados para a enfrentar", alertou.

E, para Mário Centeno, "a margem financeira que existe deve ser colocada ao nível do futuro e não consumida no presente".

(Notícia em atualização)