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27 May 2013
11h23
Source:
Jornal de Negócios
César das Neves: "Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas"
“Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas”. Por outro lado, “os principais inimigos do Estado social foram aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem se preocuparem com o seu financiamento”. Estes são exemplos de "verdades incómodas" que se têm tentado esconder durante esta crise, porque “elas perturbam o mito confortável de que as culpas pertencem a um grupo de malfeitores, quase todos políticos”, escreve João César das Neves, professor de Economia na Universidade Católica no "Diário de Notícias".
“Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. (…) Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados”, refere o economista.
César das Neves recorda que desde 1974 que o sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. “Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social”.
Outro “mito cómodo” é o que refere que os direitos dos trabalhadores e o Estado Social estão a ser desmantelados, omitindo que "os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores" e que "muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos”.
Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável. João César das Neves
Quanto ao Estado Social, acrescenta , “ele teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento”. “Aproveitaram os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao rebentar a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram”. “Em todos os temas políticos, como no campo ambiental, esquecer a sustentabilidade é atentar contra aquilo mesmo que se diz defender”, acrescenta.
A última verdade incómoda respeita à dívida, sublinhando o economista que a maior parte nem é do Estado, que a loucura dos últimos 20 anos foi colectiva e que a culpa também é dos credores, que a alimentaram. "Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável”.
Neste contexto, Portugal "não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações", antes ter uma "atitude serena e negociada, mostrando que estamos dispostos a assumir culpas e a suportar sacrifícios, mas pedindo que se encontre um equilíbrio que, aliviando parte da carga, nos permita limpar o longo disparate e abrir um novo ciclo de progresso e prosperidade que beneficiará tanto credores como devedores".
“Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. (…) Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados”, refere o economista.
César das Neves recorda que desde 1974 que o sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. “Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social”.
Outro “mito cómodo” é o que refere que os direitos dos trabalhadores e o Estado Social estão a ser desmantelados, omitindo que "os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores" e que "muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos”.
Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável. João César das Neves
Quanto ao Estado Social, acrescenta , “ele teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento”. “Aproveitaram os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao rebentar a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram”. “Em todos os temas políticos, como no campo ambiental, esquecer a sustentabilidade é atentar contra aquilo mesmo que se diz defender”, acrescenta.
A última verdade incómoda respeita à dívida, sublinhando o economista que a maior parte nem é do Estado, que a loucura dos últimos 20 anos foi colectiva e que a culpa também é dos credores, que a alimentaram. "Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável”.
Neste contexto, Portugal "não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações", antes ter uma "atitude serena e negociada, mostrando que estamos dispostos a assumir culpas e a suportar sacrifícios, mas pedindo que se encontre um equilíbrio que, aliviando parte da carga, nos permita limpar o longo disparate e abrir um novo ciclo de progresso e prosperidade que beneficiará tanto credores como devedores".