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24 September 2023 11h00

"Degradação e empobrecimento" acompanham travão às rendas

O travão ao valor pago nos arrendamentos de casa promove, para Ricardo Guimarães, "o embaratecimento, mas também a degradação e o empobrecimento". Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, no programa Conversa Capital, o diretor da Confidencial Imobiliário afirma ainda que o Governo deixou de lado quem mais precisava de ajuda.

Apesar de considerar que as medidas previstas são "ótimas para mitigar problemas de quem está no mercado" e "bem-vindas" - nomeadamente a moratória que vai até 30% nos juros da casa e o aumento do valor máximo anual da bonificação de juros para 800 euros por ano - o economista conclui que o pacote para a habitação acabará por "produzir resultados ao contrário do desejado, e severos".

O economista lamenta que não tenha havido um foco em quem não consegue entrar no mercado habitacional: "Não vejo medidas dirigidas aos jovens, que são os que hoje não têm acesso ao mercado, nem através da compra, com crédito, nem via arrendamento".

Já o travão às rendas – que António Costa quer repetir no próximo ano – é um equívoco, defende o diretor da Confidencial Imobiliário.

"Se nos lembrarmos do que aconteceu a Lisboa e ao Porto, há não muitos anos, já sabemos que o congelamento de rendas promove o embaratecimento, mas também promove a degradação e o empobrecimento", sublinha, porque não incentiva a reabilitação. "Não é só o proprietário, que tem a casa arrendada ou o prédio, como também o vizinho, porque a dada altura um prédio degradado também condiciona a reabilitação do prédio ao lado".

Ricardo Guimarães alerta ainda que é necessário que o país desenvolva "atividade de investimento em arrendamento", porque "sem isso, o mercado de arrendamento não vai ter dimensão".

E em relação ao alojamento local, entende que as medidas do Governo não vão resolver nada. "Fica-se com o malefício sem se ter o benefício", acredita Ricardo Guimarães, que antevê que essas casas sejam vendidas ou fiquem para arrendamento de curta duração – e não para contratos mais longos, como pretende o Executivo.