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Nogueira Leite: "Não creio que [subida do preço do petróleo] leve a refazer o OE"
Apesar da escalada de tensões, António Nogueira Leite não vê ainda razões de preocupação, mas tudo depende do tempo que durar a situação no Médio Oriente, disse o economista no programa do Jornal de Negócios no NOW esta quinta-feira.
"O que se espera em termos de possível impacto, tanto quanto conseguimos antever a situação geopolítica no Médio Oriente, acaba por afetar por várias vias. Há um impacto geral nos preços do petróleo porque a economia, apesar de estar muito mais descarbonizada do que no passado, ainda é impactada por alterações dos preços e seus derivados. Espero sinceramente que não seja [um impacto] muito grande mas tudo depende do tempo que durar esta situação de grande pressão no Médio Oriente", considera.
Questionado sobre um possível impacto no Orçamento do Estado (OE) para 2025, Nogueira Leite afasta essa hipótese. "Sabemos que toda a tributação dos combustíveis está associada, embora os mecanismos já não sejam lineares e, no fim do dia, o impacto no Orçamento do Estado é aquele que o Governo quiser. Hoje em dia, os mecanismos não são puros mecanismo de mercado, já foram, e há aqui alguma margem de manobra", explica.
No entanto, sublinha, do ponto de vista das receitas fiscais, se houvesse um aumento muito significativo da inflação, "tínhamos um impacto nominal em muitas das despesas e o OE seria, por esse lado, negativamente afetado".
"Não creio, a esta distância e com o conhecimento que temos hoje, que isso seja um cenário que leve a refazer o OE. Mas tudo depende de uma evolução geoestratégica de uma guerra não declarada que está em curso", reforça o economista.
Questionado sobre o impacto na economia global, Nogueira Leite esclarece que terá, desde logo, "um impacto inflacionista. Estamos numa fase em que a inflação parece estar a ficar controlada e é condição 'sine qua non' para a continuação da baixa de taxas de juro que é fundamental para relançar o crescimento da Europa. Se esse mecanismo se cortar ou tiver de ser adiado, obviamente que é bastante negativo para nós".