Go back
22 August 2024 10h06

Olimpíadas apoiam verão da Zona Euro, mas pessimismo é maior e transversal

O verão da Zona Euro surpreendeu com uma reanimação em agosto que deverá permitir ao bloco dos 20 da moeda única manter uma trajetória de pequenos crescimentos na primeira metade do terceiro trimestre.

França, e provavelmente as Olimpíadas, terão dado uma ajuda, mas a maior economia europeia, a Alemanha, continua a quebrar e as perspetivas para os próximos meses voltaram a agravar-se, indica nesta quinta-feira a publicação dos índices de gestores de compras (PMI) para a Zona Euro, compilados pela S&P Global.

O índice compósito que sintetiza a avaliação e expectativas das empresas do euro em agosto alcançou um máximo de três meses, nos 51,2 pontos, após seis meses consecutivos de melhorias que sugerem uma maior dinâmica de crescimento, de acordo com a nota de divulgação dos resultados.

Ao mesmo tempo, o índice da atividade empresarial subiu a um máximo de quatro meses, ficando na marca de 53,3 pontos, mas com a atividade dos serviços - onde se inclui o turismo - a ser determinante e com a atividade industrial a continuar a quebrar.

"A melhoria decorre largamente de um crescimento da atividade de serviços em França, onde o índice de atividade empresarial saltou em perto de cinco pontos, provavelmente em relação com a agitação em torno dos Jogos Olímpicos em Paris", refere Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Banco Comercial de Hamburgo, que patrocina os índices da Zona Euro.

"É duvidoso que esta dinâmica prossiga nos próximos meses, contudo", assinala o economista perante expectativas que persistem em deterioração para os próximos meses e com o sector industrial do euro "em rápido declínio". Em particular, na Alemanha, onde o crescimento do sector de serviços também estará agora a perder o ritmo.

O índice PMI para a indústria da Zona Euro está agora num mínimo de oito meses, nos 45,6 pontos. 

A nota que resume as opiniões recolhidas entre 12 e 20 de agosto dá conta de um terceiro mês consecutivo de quebras nas encomendas, mantendo-se a queda continuada nas carteiras de encomendas para exportação (e, em particular, também no comércio dentro do espaço do euro).

Perante este cenário, as empresas apontam para uma diminuição nas compras de matérias-primas. As expectativas quanto à evolução do emprego saem também ligeiramente diminuídas em agosto.

Neste mês, os preços dos fatores de produção terão abrandado, mas os dados apontam para nova aceleração na inflação dos serviços - uma das precupações para o Banco Central Europeu nas decisões sobre novos cortes das taxas de juro.

As perspetivas para os próximos meses, entretanto, voltaram a agravar-se. "O sentimento caiu para o valor mais baixo até aqui em 2024 e ficou bastante abaixo da média da série. O menor otimismo foi transversal, com a confiança a diminuir na Alemanha, em França e no resto da Zona Euro, assim como em ambos os setores acompanhados (serviços e indústria).