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18 June 2024 11h50

Putin acena a Kim Jong-un com alianças na primeira visita de Estado à Coreia do Norte em 24 anos

O presidente russo, Vladimir Putin, inicia esta terça-feira uma visita de Estado à Coreia do Norte, a primeira em 24 anos, numa altura em que procura apoio militar no contexto da guerra contra a Ucrânia, acenando a Kim Jong-un, líder do país mais isolado do mundo, com promessas de alianças, designadamente ao nível do comércio.

"Desenvolveremos mecanismos alternativos de comércio e acordos mútuos que não sejam controlados pelo Ocidente, e resistiremos conjuntamente a restrições unilaterais ilegítimas", escreveu Putin, numa carta publicada, esta terça-feira, no Rodong Sinmun, jornal controlado pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, citada pelo The Guardian, antes da chegada ao país para uma visita de dois dias.

"E, ao mesmo tempo, construiremos uma arquitetura de segurança igual e indivisível na Eurásia", reforçou na mesma missiva em que salienta que Moscovo e Pyongyang têm desenvolvido boas relações e parcerias ao longo dos últimos 70 anos baseadas na igualdade, respeito mútuo e confiança.

O líder russo agradeceu ainda o apoio da Coreia do Norte ao que designa de "operação militar especial" na Ucrânia e prometeu apoiar os esforços de Pyongyang para defender os seus interesses apesar da "pressão, chantagem e ameaças militares dos Estados Unidos".

A imprensa estatal norte-coreana também publicou artigos a elogiar a Rússia e manifestar o apoio pela "operação" que leva a cabo na Ucrânia que descreveu como "uma guerra sagrada de todos os cidadãos russos".

"O povo coreano vai estar sempre do lado do governo e do povo russo, estendendo o seu total apoio e solidariedade à sua luta pela defesa da soberania nacional e interesses de segurança", refere um artigo da agência KCNA, citado pela Reuters.

Esta é a primeira visita de Putin à Coreia do Norte desde julho de 2020, altura em que se reuniu com o falecido pai de Kim Jong-un, Kim Jong-il.

Não se sabe ao certo a que horas é que o líder russo vai chegar à capital norte-coreana para a visita de dois dias, que tem na quarta-feira o ponto alto, que figura como fonte de preocupação para Washington.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Matthew Miller repetiu as acusações de que a Coreia do Norte forneceu "dezenas de mísseis balísticos e mais de 11 mil contentores de munições à Rússia" para serem usados na Ucrânia, afirmando que Putin "ficou incrivelmente desesperado nos últimos meses", razão pela qual decidiu recorrer ao Irão e à Coreia do Norte na tentativa de compensar o equipamento militar perdido no campo de batalha.

Tanto Moscovo como Pyongyang negam transferência de material bélico.