Go back
11 May 2024 16h47

Rebocador da droga vendido pelo Estado português por 255 mil euros foi para a Nigéria

Um navio que levava a bordo, mal escondidos, 81 fardos com 30 quilos de cocaína cada, avaliada em 125 milhões de euros, que tinha sido carregada no Suriname, na América do Sul, com destino a Portugal, foi abordado pela Marinha Portuguesa, na madrugada de 30 de janeiro de 2019, a 300 quilómetros a sudoeste do cabo de S. Vicente. 

 

Os homens que seguiam no Sea Scan 1 – um holandês, um francês e seis ucranianos – foram detidos, tendo sido condenados, em julho de 2020, a penas efetivas entre os seis e os dez anos de prisão.

 
O navio rebocador, que foi construído em 1985, tem uma lotação máxima de 20 pessoas.

Declarada perdido a favor do Estado, desde então que o Estado procedeu, sem sucesso, a várias tentativas de venda da embarcação através de leilão online, inicialmente com um preço base de 923 mil euros, tendo acabado por adjudicar o rebocador, no final do ano passado, a uma empresa sediada na Zona Franca da Madeira.

 

"A Gradualperfection participou com sucesso no leilão do navio Sea Scan 1, concretizando a sua aquisição por 255 mil euros", revelou Cátia Falardo, CEO da empresa, em declarações ao Negócios, em março passado.

 

Após a tomada de posse da embarcação, que esteve "cerca de quatro anos atracado no Porto de Setúbal", a Gradualperfection procedeu "a algumas reparações e melhoramentos a bordo" do Sea Scan 1, ao mesmo tempo que investiu na procura de "uma empresa que pudesse valorizar e dar uso ao navio".

 

"Acabámos por vendê-lo a um dos nossos clientes, uma empresa ligada à exploração de petróleo, com sede num país da África Ocidental", adiantou, na altura, Cátia Falardo.

 

Os procedimentos administrativos, técnicos e legais foram desenvolvidos pela Gradualperfection e seus parceiros locais, "garantindo o suporte técnico e portuário contínuo, em coordenação com várias autoridades", referiu a mesma responsável.

 

"No dia 20 de janeiro o Sea Scan 1 iniciou a sua longa viagem", tendo "chegado com sucesso ao seu destino na África Ocidental", assegurou a CEO da Gradualperfection.

Entretanto, após insistência do Negócios, Falardo acabou por avançar com duas informações adicionais relativamente a esta operação: o valor das obras de melhoramento do Sea Scan 1 foi de "cerca de 30 mil euros", e o destino final do navio foi a Nigéria.

 

Sem identificar o comprador – "preferimos não divulgar, para manter a privacidade do nosso cliente" -, a CEO da Gradualperfection também não quis detalhar o valor da transação: "Não nos é possível divulgar o valor de venda, pois assinámos um ‘non discloser agreement’ com o comprador", alegou.

 

A Gradualperfetion atua na mediação de compra e venda de navios, com destaque para a vertente de apoio marítimo e consultoria técnica.

 

"Nos últimos anos, concretizámos negócios para vários clientes na Europa, África, Índia e Turquia", afiançou Cátia Falardo.