Voltar
28 agosto 2024 20h28

BCG admite que subornou (através do escritório em Lisboa) responsáveis angolanos

Entre 2011 e 2017, os escritórios da Boston Consulting Group (BCG) em Lisboa subornaram responsáveis angolanos e membros do MPLA, com o objetivo de que a consultora saísse vencedora dos contratos a que concorria em Angola.

O processo era feito através do envio de dinheiro para contas "offshore" controladas por homens fortes dos responsáveis políticos. Numa das situações a BCG acordou o pagamento a um agente ligado a oficiais angolanos entre 20% e 35% do valor do contrato, com esse dinheiro a rodar entre três entidades "offshore" diferentes.

"Certos funcionários da BCG em Portugal tomaram medidas para ocultar a natureza do trabalho do agente para a BCG quando surgiam questões internas, incluindo através da atualização da data de contratos para um período anterior e da falsificação do alegado propósito do trabalho do agente", pode ler-se na investigação do Departamento de Justiça norte-americano (DoJ) publicado esta quarta-feira.

Estes sete anos coincidiram com o fim do "reinado" de José Eduardo dos Santos, que abandonou a presidência após 38 anos.

Esta prática foi inicialmente reportada pela própria BCG ao Departamento de Justiça norte-americano. Daí que na investigação tornada pública esta quarta-feira - apesar de as práticas incorrerem numa violação do "US Foreign Corrupt Practices Act" - o departamento indica que não vai processar a consultora, uma vez que além de ter denunciado o caso, despediu as pessoas envolvidas e cooperou com a investigação.

Entre 2011 e 2017, a BCG ganhou 11 contratos com o ministério da Economia e um com o Banco Nacional de Angola, que geraram uma faturação de 22,5 milhões de dólares e lucros de 14,4 milhões de dólares. Como parte do processo com o DoJ, a consultora não aceitar esse valor.

A BCG afirmou ao Departamento de Justiça que "retirou os indivíduos da empresa, encerrou o escritório em Luanda" e "continuou a reforçar significativamente as suas funções de 'compliance', controlos internos e a formação".