Colapso do SVB tem o mesmo efeito destrutivo que teve a crise de 2008?

Paulo Rosa

Economista sénior do Banco Carregosa

Os EUA têm hoje regulamentações bancárias mais rígidas, incluindo o aumento dos requisitos de capital, com o objectivo de garantir que os bancos tenham níveis de reserva adequados em tempos de crise. No entanto, um banco do tamanho do SVB não estava sujeito ao mesmo nível de regulamentação, devido à reversão parcial, em 2018, da legislação Dodd-Frank, reflectindo regras financeiras mais rígidas após a crise de 2008. A reversão da legislação elevou o limite do tamanho de activos para bancos considerados grandes demais para falir de 50 mil milhões para 250 mil milhões de dólares, afastando do escrutínio mais apertado o SVB, com um activo de 214 mil milhões. O governo federal agiu rapidamente para conter a crise ao anunciar que os depositantes do SVB receberiam protecção total de depósitos. Os depósitos no SVB eram, em parte, de startups tecnológicas, justificando, assim, a sucessiva corrida, com os rumores de dificuldades de liquidez, por serem substancialmente superiores aos 250 mil dólares, estando, assim, fora do perímetro de garantia da FDIC. O colapso do SVB decorre de uma crise de liquidez, resultante do desfasamento de maturidades entre os seus activos e passivos, e não de dificuldades de solvência. Se a economia dos EUA entrar em recessão, como indicia o declive negativo da curva de rendimentos norte-americana, é improvável que o colapso do SVB seja o motivo.