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27 maio 2013 11h42

Dados económicos positivos nos EUA podem ser maus para as bolsas

Imobiliário em alta nos EUA | A recuperação dos preços da habitação, cuja evolução será conhecida esta semana, têm sido determinantes na retoma.
 
 
A política monetária nos EUA volta esta semana a dominar as atenções dos investidores globais, depois de Ben Bernanke admitir que a Reserva Federal poderá ajustar os estímulos em breve. A declaração enviou "ondas de choque" por todo o globo e, porque o presidente da Reserva Federal disse que a decisão "dependerá dos dados", ganha importância redobrada a análise dos indicadores a divulgar esta semana, sobretudo o PIB do primeiro trimestre e os dados sobre o mercado imobiliário.
No mesmo dia em que Ben Bernanke falou no Congresso, as minutas da última reunião do Comité de Operações no Mercado Aberto (FOMC) apontaram para uma discussão cada vez mais intensa sobre a retirada dos estímulos. Foi o suficiente para levar as bolsas norte-americanas a afastarem-se dos máximos recentes e levar a bolsa de Tóquio a cair 7% em apenas uma sessão.
Os próximos indicadores económicos nos EUA serão escrutinados de perto pelos investidores de todo o mundo, devido às implicações que tem a política de expansão monetária para as subidas recentes das bolsas internacionais. As bolsas americanas estão fechadas esta segunda-feira, para honrar o "Memorial Day", mas terça-feira são divulgados o índice Case-Shiller de preços no imobiliário e também o índice Conference Board de confiança do consumidor. Na quinta-feira, sai a segunda estimativa para o PIB do primeiro trimestre, que deverá reiterar a expansão anual de 2,5%, segundo os economistas.
Quaisquer surpresas positivas nos dados económicos não serão necessariamente positivas para as bolsas, já que podem reforçar a posição dos membros do FOMC que querem ver repensados os estímulos. "Pode dar-se o caso de que dados bons são maus [para a bolsa]", diz ao Negócios, Michael Hewson, analista do CMC Markets.
 
Bolsas estão fechadas nos EUA esta segunda-feira, mas a semana conta com vários dados económicos sobre o sector imobiliário e a confiança do consumidor. Na Europa, destaque para os dados do BCE sobre o crédito ao sector privado (empresas e famílias) e às recomendações orçamentais da Comissão Europeia.
As discussões acerca dos estímulos dos EUA serão determinantes para o sentimento das bolsas europeias e asiáticas, e podem até sobrepor-se às notícias locais. No caso da Europa, destacam-se as sondagens do Eurostat à confiança de consumidores e empresários na Zona Euro, a publicar na quinta-feira.
Em foco estarão também os dados do BCE sobre os empréstimos ao sector privado em Abril, a publicar na manhã de quarta-feira, numa altura em que o balanço do banco central continua a contrair-se - os bancos continuam a reembolsar os empréstimos a três anos (LTRO) - e existem expectativas de que Mario Draghi apresente novos planos de estímulo ao crédito às pequenas e médias empresas.
No topo da agenda estarão também as recomendações orçamentais da Comissão Europeia, em que as metas de défice de alguns Estados-membros podem ser revistas, e ainda o relatório semestral da OCDE sobre perspectivas económicas.