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01 janeiro 2024 21h33

Do realismo ao apelo ao voto, a reação dos partidos à mensagem de ano novo do Presidente da República

O Partido Social-Democrata (PSD) destacou este domingo o realismo da mensagem de Ano Novo do Presidente da República e garantiu que está a "construir uma alternativa" para dar resposta aos desafios de 2024.

Reagindo à mensagem na sede nacional do partido, em Lisboa, a vice-presidente social-democrata Margarida Balseiro Lopes considerou que o realismo de Marcelo Rebelo de Sousa "contrasta com o tom do discurso do Governo".

O chefe de Estado emitiu uma "mensagem de exigência" mas também "de esperança", sublinhou.

Questionada sobre se o PSD está preparado para responder aos "mais e mais difíceis" desafios que Marcelo Rebelo de Sousa antecipa para 2024, a vice-presidente garantiu que o partido está "concentrado em apresentar uma alternativa às pessoas", que responda aos "problemas no acesso à saúde, à educação e à habitação".

Por seu turno, o Bloco de Esquerda acompanhou a mensagem de Ano Novo do Presidente da República, sobretudo no apelo ao voto e participação nas próximas eleições legislativas, em que o partido espera "uma grande viragem na política portuguesa".


"Acompanhamos a mensagem do Presidente da República, o apelo ao voto, o apelo à responsabilidade e sobretudo a necessidade de uma grande viragem na política portuguesa. Esperemos que 10 de março seja exatamente essa etapa", disse o dirigente do BE Luís Fazenda numa conferência de imprensa em reação à mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Livre considera mensagem "muito igual" a de outros líderes políticos

O porta-voz do Livre considerou a mensagem de Ano Novo do Presidente da República "muito igual" à de outros líderes políticos na quadra natalícia, alertando que 2023 deixa Portugal "perante uma situação de uma grande indecisão".

"Creio que o senhor Presidente da República terá dito algumas dezenas de vezes 'ficou claro'. Quando um político sente muita necessidade de dizer 'ficou claro' é porque estamos a atravessar um dos momentos de maior incerteza em que nada ao contrário do que foi dito ficou claro. O ano de 2023 deixa-nos perante uma situação de uma grande indecisão", disse Rui Tavares.

Na reação ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, o líder do Livre afirmou que é preciso que as forças partidárias tenham uma palavra, aludindo às eleições legislativas de 10 de março.

"É preciso que os partidos tenham uma palavra, uma escolha para que os cidadãos escolham. É preciso que os cidadãos saibam o que está no cardápio destas eleições, que cada partido ofereça a sua visão de futuro -- isso não tem sido oferecido", salientou.

Para Rui Tavares, o discurso do chefe de Estado "foi muito igual ao discurso dos outros líderes políticos que falaram durante esta quadra natalícia e das festas".

"É sempre um bocadinho muito igual. Um discurso feito de esperança e de uma expectativa em que se retira a capacidade de ação às pessoas. Nós não estamos aqui só para esperar, nós estamos aqui para fazer. E neste ano as pessoas têm oportunidade de dar resposta. Eu estou cansado de ver as pessoas de braços caídos como se, com eleições à frente, não tivessem capacidade de dar uma orientação ao que o país deve ser no futuro", acrescentou.

Iniciativa Liberal concorda com necessidade de próximo governo "fazer mais"

A Iniciativa Liberal (IL) defendeu que o executivo que sair das eleições de março terá que "fazer mais" e que só valerá a pena mudar de governo "para mudar o país".

O presidente da IL, Rui Rocha, afirmou aos jornalistas no Porto que o "ponto fundamental" da mensagem de Ano Novo do Presidente da República é que "é preciso fazer mais" em 2024, ano em que também se comemoram os cinquenta anos do 25 de Abril.

"E se queremos fazer mais, é evidente que não podem ser os mesmos que estiveram até agora a fazer, porque não tem sido suficiente", declarou.

Rui Rocha defendeu que "só vale a pena mudar de governo para mudar o país, porque se for para ser igual, vai ser mais do mesmo e isso já não é suficiente para Portugal e para os portugueses".

O presidente da IL manifestou "esperança e confiança para os jovens, que têm tido uma vida difícil com salários baixos e uma crise na habitação".

"É possível fazer mais, podemos começar a resolver a crise da habitação com mais oferta, mais construção, baixando os impostos, simplificando procedimentos", defendeu.

Rui Rocha destacou também os problemas no "acesso à Saúde que tem afligido os portugueses", defendendo que é preciso "permitir que o utente escolha o cuidado que quer sem pagar mais por isso, seja no privado, social ou no Estado".

Chega destaca coerência e clareza de Marcelo no apelo ao voto

Já o líder do Chega, André Ventura, destacou a clareza e coerência no apelo ao voto da mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa, no contexto das eleições antecipadas de 10 de março.

"É uma mensagem muito coerente e ao mesmo tempo muito clara no apelo ao voto", destacou o presidente do Chega numa reação à mensagem do chefe de Estado proferida ao início da noite de hoje a partir do Palácio de Belém, em Lisboa.

O Presidente da República considerou que 2024 será um ano ainda mais decisivo do que 2023 e apelou à participação dos portugueses nos atos eleitorais, salientando que o país será aquilo que os votantes quiserem.

A mensagem foi proferida numa conjuntura de crise política, com o Governo em gestão e eleições legislativas antecipadas marcadas para 10 de março.

Para André Ventura, na mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa deixou também "um apelo muito forte" ao dizer que "se nada muda" é porque os portugueses "não querem, não saem de casa para votar".

"Esta mensagem pode parecer simplista, mas não é. Num país que tem altos níveis de abstenção, em que muitas vezes os portugueses se esquecem ou não querem participar no ato democrático, Marcelo lembrou que o país é o que nós quisermos", apontou Ventura.

Para o líder do Chega, apesar de Marcelo ter colocado nas mãos dos portugueses a responsabilidade pelo futuro do país, o Presidente da República quis também alertar para o facto de existirem assuntos que, se não forem tratados, prejudicarão "a qualidade da democracia", dando como exemplo o combate à corrupção, a saúde e o desenvolvimento económico.

"Nos 50 anos do 25 de Abril, é uma mensagem que é importante sublinhar. O país será o que nós quisermos, mas há vários temas que têm de ser lidados de forma clara pelos políticos ou Portugal inteiro ficará a perder", disse.