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08 julho 2013 19h20

Esquerda pede novas eleições a Cavaco e até já fala em cenários pós-eleitorais

Não há concordância na data mas uma coisa é certa: a esquerda parlamentar quer eleições antecipadas. Bloco de Esquerda, PCP e Verdes foram ao Palácio de Belém com pedidos de novas eleições como resolução da crise política que Portugal está a viver.
 
Os três partidos da oposição com representação parlamentar mais tímida pediram a Cavaco Silva que dissolvesse a Assembleia da República por considerarem que o actual Governo não tem condições para permanecer em funções, depois da crise causada pela demissão, entretanto revogada, de Paulo Portas.
 
Do partido ecologista, o primeiro a ser recebido esta segunda-feira, a mensagem foi clara. “A solução, na perspectiva de Os Verdes, é que o Presidente da República dissolva o Parlamento e convoque eleições antecipadas”, disse José Luís Ferreira.
 
“Dissemos a Cavaco Silva que, do nosso ponto de vista, o Governo deve ser demitido e devem ser convocadas eleições antecipadas”, afinou, pelo mesmo diapasão, um dos coordenadores do Bloco de Esquerda, João Semedo.
 
“Exige-se, reclama-se, tendo em conta a situação deste Governo, que está inevitavelmente enfraquecido e derrotado, a necessidade de demitir o Governo, convocar eleições e dissolver a Assembleia, naturalmente”, foi a ideia deixada por Jerónimo de Sousa, do Partido Comunista Português.
 
O pedido de eleições antecipadas é extensível ao Partido Socialista, o maior partido da oposição, mas cujos representantes só amanhã se irão reunir com o Chefe de Estado.
 
O pós-eleições, visto pelo Bloco
 
Para ocorrerem eleições é necessário que Cavaco Silva dissolva o Parlamento e marque uma data para eleições. Mas mesmo sem essa certeza, já há propostas de datas. O PS já tinha mostrado a ideia de que seria bom que coincidisse com as autárquicas, a 29 de Setembro. O Bloco de Esquerda considera que seria bom que se realizassem duas semanas antes, a 15 de Setembro. O PCP considera prematuro falar já em datas, quando ainda falta a decisão que vai ditar a sua realização - ou não.
 
Mas o Bloco fala até num eventual cenário pós-eleições. João Semedo informou o Presidente da República que está preparado para incluir um Governo de esquerda que “renegoceie o memorando de entendimento” com a troika.
 
Não havendo eleições, o PCP fez questão de deixar claro que seria uma forma de o Presidente da República se comprometer com o Governo que ficará em funções. Será um compromisso com “as consequências do prosseguimento desta política de desastre”, defende Jerónimo de Sousa.
 
  Audiências para debater crise causada por Portas As conversas com os partidos com representação parlamentar inserem-se nas audiências marcadas por Cavaco Silva para discutir “a situação criada pelo pedido de demissão do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros”. Paulo Portas pediu a saída do seu cargo na passada terça-feira, na sequência da substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque, escolha que não agradou ao líder centrista. Entretanto, os dois partidos que dão suporte à coligação, PSD e CDS-PP, já chegaram a um novo acordo de Governo que espera ainda aprovação de Belém. Mas tal só deverá acontecer depois das reuniões que estão marcadas para o início desta semana. O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, foi recebido esta segunda-feira, dia em que o BE, Os Verdes e o PCP foram ouvidos. Na terça-feira, serão recebidos o PS, CDS-PP e PSD e os representantes da CIP, CCP, CTP e CAP. Os líderes da UGT e CGTP deslocam-se para falar com Cavaco Silva na quarta-feira.