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02 julho 2024 10h22

Estudo apresentado em Sintra defende que BCE deve continuar a reduzir juros

O arranque do segundo dia do Fórum do Banco Central de Europeu (BCE), que decorre em Sintra, começou com um recado para os banqueiros centrais do euro: as taxas de juro devem continuar a descer gradualmente. 


Na apresentação de um estudo sobre os motores da inflação no pós-pandemia, o economista Giorgio Primiceri, da Northwestern University, um dos autores, começou por concluir que a subida acentuada de preços a partir do final de 2021 deveu-se sobretudo a um choque do lado da procura e não da oferta.


"A inflação pós-covid foi conduzida, de forma inesperada, predominantemente por fortes forças do lado da procura, não só nos Estados Unidos, mas também na Zona Euro. O impacto inflacionário de choques da oferta foram menos pronunciados - ainda que estes choques tenham constrangido significativamente a atividade económica", concluiu Giorgio Primiceri, causando alguns sinais de discordância na audiência. Recorde-se que a linha mais comum na leitura das causas da inflação tem sido a oposta. 


Depois, o economista usou um modelo contrafactual para testar as suas conclusões. Primeiro tentou perceber o que teria acontecido se o BCE tivesse aumentado as taxas de juro na mesma dimensão, mas mais cedo. "Em consequência, a inflação teria atingido um pico de 6% - 3 pontos menos - mas o PIB teria sido inferior", lê-se no estudo. 


Depois, tentou perceber qual seria o efeito de manter a política monetária tivesse sido tão restritiva que tivesse mantido a inflação perto de 2% durante o período pós-pandemia. "Para isso, o BCE teria de ter suprimido o impacto de todos os choques - do lado da procura e da oferta", com um impacto negativo de 5 pontos do PIB da Zona Euro, refere o estudo. 


Em suma, Georgio Primiceri conclui que "a conduta atual do BCE da política monetária acomodou as pressões inflacionistas" no pós-covid. A questão é saber qual deve ser a política para o futuro, sobretudo dado que a inflação está a chegar aos 2%.


"O nosso modelo diz que as taxas de juro devem continuar a descer gradualmente", afirmou o economista.