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03 junho 2013 15h30

FMI pede à Alemanha para não se exceder na consolidação orçamental

O Fundo Monetário Internacional publicou esta segunda-feira um relatório sobre a Alemanha, ao abrigo do Artigo IV, onde elogia a política seguida pela maior economia europeia, embora deixe algumas recomendações para que o país aumente o seu potencial de crescimento.
 
“No contexto do envelhecimento da população, os esforços recentes para aumentar a força de trabalho através de medidas fiscais (…) e o encorajamento da migração de trabalhadores altamente qualificados são bem-vindos”, refere o FMI, que passa depois a enumerar as recomendações que deixa ao Governo de Angela Merkel.
 
A primeira passa por baixar a carga fiscal sobre os trabalhadores que auferem salários mais reduzidos. O FMI sugere também que a Alemanha deverá aumentar a disponibilidade de creches de elevada qualidade e facilitar a entrada no país de trabalhadores de média qualificação, bem como identificar e eliminar os desincentivos à natalidade no país.
 
Para aumentar o potencial de crescimento da economia alemã, o FMI pede ainda “reformas adicionais para aumentar a produtividade do sector dos serviços” e o “alargamento das fontes de intermediação financeira”.
No relatório divulgado esta segunda-feira, o FMI classifica de “apropriada” a estratégia do país em abrandar o ritmo da consolidação orçamental, dado que o país já atingiu as metas de défice internas e as acordadas com a Comissão Europeia.
 
A instituição liderada por Christine Lagarde antecipa que este ano a Alemanha implemente uma política orçamental “branda”, que consideramos “apropriada”. Para 2014, a consolidação orçamental deverá ser “apenas modesta”, consistente com uma posição orçamental “neutral”, que assegure que a dívida pública continue num ritmo firme de queda.
 
A Alemanha fechou 2012 com um excedente orçamental de 0,2% do PIB e uma dívida pública de 81,9% do PIB.
 
Apesar de concordar com a estratégia orçamental seguida até aqui pela Alemanha, o FMI alerta que o país deverá evitar exceder-se no bom desempenho orçamental, devido ao perigo que implica adoptar uma orientação orçamental contraccionista numa altura como a actual, de fraco crescimento económico.
 
As estimativas do FMI apontam para que o PIB alemão registe um crescimento de 0,3% este ano, com a economia a recuperar na segunda metade do ano. Apesar dos “fortes fundamentais” domésticos, a economia do país está a ser penalizada pela retracção no investimento, o que está relacionado sobretudo com a “incerteza sobre as perspectivas para a Zona Euro, apesar dos progressos feitos até aqui”.
 
Sobre o papel da Alemanha na resolução da crise do euro, o FMI diz que o país “pode ter um importante papel na articulação da visão de longo prazo de maior integração económica e financeira entres os estados-membros da Zona Euro”.