Indonésia vai revogar proibição de exportação de óleo de palma. Preços podem voltar a estabilizar em breve

O governo de Jacarta anunciou que vai reverter o embargo ao abastecimento de óleo de palma dos mercados externos que aplicou em finais de abril, e que gerou subidas exponenciais dos preços de vários bens alimentares. As exportações vão normalizar a partir da próxima segunda-feira.

A Indonésia domina mais de 50% do fornecimento global de óleo de palma, um produto que está presente numa multiplicidade de produtos, mas que é no segmento alimentar que tem um maior peso.

Quando a 22 de abril o Presidente Joko Widodo declarou que o país iria deixar de exportar óleo de palma por tempo indeterminado para responder a uma escassez interna, os mercados internacionais fizeram soar os alarmes, já pressionados com as perturbações nas cadeias de abastecimento geradas pela guerra na Ucrânia, o maior exportador de óleo de girassol, usado como alternativa ao congénere extraído do fruto da palmeira.

Com a ausência da Indonésia e o sobressalto dos países importadores, a Malásia, que segue em segundo lugar na lista dos maiores exportadores de óleo de palma a nível mundial, anunciou que iria preencher o vazio deixado pelo concorrente, com o objetivo de se tornar o principal fornecedor desse produto à União Europeia. O bloco europeu é o terceiro maior importador de óleo de palma, atrás da China e da índia, em primeiro e segundo lugares, respetivamente. A Malásia aplicou, inclusivamente, uma redução das taxas de exportação desse óleo alimentar.

Contudo, agora a Indonésia reverte a proibição de abril, com o Chefe de Estado indonésio a afirmar que o mercado interno já está saciado e que o preço da oferta interna se encontra em níveis suportáveis para a população, de acordo com informação avançada pela agência Associated Press. "Com base na atual oferta e no preço do óleo de cozinha e considerando que existem 17 milhões de trabalhadores na indústria do óleo de palma, tanto agricultores como pessoal de apoio, decidi que a exportação do óleo alimentar será retomada na segunda-feira, 23 de maio”, afirmou o Presidente Widodo.

Dados da DECO PROTESTE a que a ‘Executive Digest’ teve acesso ainda este mês, mostravam que, desde janeiro a 4 de maio, os preços dos óleos alimentares vegetais tinham subido 58% em Portugal.

No início de maio, Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, havia explicado que "a invasão da Ucrânia pela Rússia já havia acelerado o preço do óleo de palma para novos máximos históricos”, e que o óleo de palma "é mais um produto que impacta os preços dos alimentos globais e impulsiona a inflação”.

Na altura, o economista tinha avançado que se a medida fosse meramente temporária, poderíamos vir a observar uma estabilização do preço do óleo de palma, algo que, dada a decisão do governo indonésio, poderá acontecer em breve.