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04 agosto 2022 09h00
Fonte: Jornal I

Inflação ultrapassa os 10% e atinge maior valor dos últimos 34 anos

Inflação ultrapassa os 10% e atinge maior valor dos últimos 34 anos
Inflação ultrapassa os 10% e atinge maior valor dos últimos 34 anos

DANIELA SOARES FERREIRA daniela.ferreira@ianline.pt

Inflação continua a ser influenciada pelos preços da energia e da alimentação, revela a OCDE.

A inflação homóloga na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) medida pelo índice de Preços ao Consumidor (IPC) cresceu para 10,3% em junho, um valor superior aos 9,7% alcançados no mês anterior. Este é o aumento de preços mais acentuado desde junho de 1988, revelou esta quartafeira o organismo e explica que a inflação "continua a ser influenciada pelos preços dos alimentos e da energia”, onde aumentou em todos os países, à exceção da Alemanha, Japão e Holanda, com cerca de um terço dos países da OCDE a registarem inflação de dois dígitos. A taxa mais alta ocorreu na Turquia: 78,6%. Já a mais baixa no Japão: 2,4%.

Não há dúvidas que a inflação dos preços dos alimentos nestes países "continuou a subir fortemente”, tendo atingido 13,3% no mês em análise, face aos 12,6% do mês de maior. E os valores não são animadores: éo maior aumento dos preços dos alimentos desde julho de 1975.

No que diz respeito aos preços da energia, a inflação disparou para 40,7%. No entanto, se excluirmos os alimentos e a energia, a inflação cresceu para 6,7% em junho em comparação com os 6,4% do mês de maio.

Fazendo análise aos países do G7, a inflação homóloga média atingiu os 7,9% em junho com o maior aumento a ser registado na Itália (1,1 pontos percentuais), seguindo-se a França (0,6 pontos percentuais).

"Os preços da energia continuaram a ser o principal contribuinte para a inflação na França, Alemanha, Itália e Japão, enquanto a inflação excluindo alimentos e energia impulsionou a inflação no Reino Unido e nos Estados Unidos”.

Nestes países, excluindo alimentos e energia, a inflação diminuiu ligeiramente para 4,7%, em comparação com 4,8% em maio.

Já na zona euro, a subida foi para 8,6% em junho, face aos 8,1% em maio. Diz a OCDE que foram registados "fortes aumentos entre maio e junho de 2022 em inflação dos preços dos alimentos e da energia”.

Recorde-se que a estimativa rápida do Eurostat para julho aponta para um novo aumento da inflação homóloga (para 8,9%), enquanto a inflação excluindo alimentos e energia aumentou para 4% em comparação com 3,7% em junho de 2022.

Nos países do G20, a inflação subiu para 9,2% em junho, em comparação com 8,9% em maio, com aumentos acentuados em todas as economias de mercado emergentes do G20, com exceção da índia.

ESTAGFLAÇÃO É REALIDADE Recorde-se que a inflação é um problema que atinge o mundo inteiro e, por isso, Portugal não fica de fora. Recentemente, o FMI previu que a inflação deverá continuar a crescer este ano.

"À medida que a inflação se estende a toda a economia dos EUA e da zona euro, sobretudo acelerada desde o início do ano pela invasão da Ucrânia pela Rússia, as consequências para travar essa mesma alta dos preços penalizarão a economia”, começou por dizer ao nossojornal, Paulo Rosa, economista do Banco Carregosa. E, por isso, não tem dúvidas: "A estagflação [estagnação económica associada a elevada inflação] é cada vez mais uma realidade”.

E acrescenta que "a atual inflação é maioritariamente do lado da oferta, sobretudo da alta dos preços dos combustíveis, cuja dependência europeia do exterior é muito significativa e, em boa verdade, subtrai PIBa quase todas as economias da Europa”.

Inflação "continua a ser influenciada pelos preços dos alimentos e da energia”

"A estagflação é cada vez mais uma realidade”, alerta economista