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04 julho 2013 12h44

Juros regressam às fortes subidas e superam os 7% em todos os prazos acima de 5 anos

Os juros da dívida pública portuguesa voltam esta quinta-feira a registar fortes subidas, invertendo da tendência de alívio que se fez sentir nas primeiras horas da sessão.
 
A “yield” das obrigações portuguesas a 10 anos avança 14 pontos base para 7,6%, bem acima dos 7,11% que chegou a registar esta manhã. Continua ainda assim abaixo do máximo desde Novembro fixado durante a sessão de ontem, nos 8,1%.
  
Quanto às restantes maturidades, a subida dos juros é bem mais acentuada. No prazo a cinco anos os juros sobem 33 pontos base para 7%, um novo máximo desde Novembro do ano passado.
 
O juro da dívida a três anos regista a maior subida (90 pontos base), situando-se já perto dos 7%. Nas maturidades superiores a cinco anos os juros encontram-se todos acima dos 7%, o que traduz um estreitamento da curva de rendimentos da dívida portuguesa, reflectindo a maior apreensão dos investidores quanto à necessidade de Portugal ser alvo de um segundo resgate.
 
No prazo mais curto (dois anos), a subida é de 62 pontos base para 5,66%. A subida face ao nível registado na segunda-feira (3,43%), dia da demissão de Vítor Gaspar, já supera os 200 pontos base.
  
A indefinição política iniciada com o pedido de demissão de Paulo Portas persiste esta quinta-feira, apesar do CDS e do PSD estarem a negociar uma “solução viável” para o governo. Depois da primeira reunião ontem à noite, os líderes dos dois partidos estão reunidos nesta altura. Pelas 17h00 o primeiro-ministro vai a Belém para um encontro com o Presidente da República. A CMTV e a TVI24 avançaram que Portas deverá ficar no governo, com o cargo de vice-primeiro-ministro.
 
Até ser encontrada uma solução ou um desfecho para esta crise política, a volatilidade nos títulos de dívida portuguesa deve persistir, de acordo com os analistas. 
 
Os economistas do Citigroup reconhecem que a crise do Governo português poderá ser ultrapassada a breve trecho, mas terá consequências para a estabilidade do Governo que resultar do acordo, dadas as condições políticas adversas que se vivem em Portugal.
 
“Embora possa ser alcançado um compromisso no curto prazo para manter a coligação unida, a dificuldade elevada das decisões políticas a tomar nos próximos meses implica, na nossa perspectiva, que a estabilidade do Governo permanece ameaçada”, lê-se na nota diária do banco de investimento.