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20 março 2023
16h25
Fonte:
TSF
Mercado "precisa de tempo para digerir" fusão entre UBS e Credit Suisse
Os reguladores europeus continuam a tentar acalmar os mercados. O Banco Central Europeu e a Autoridade Bancária Europeia garantem que o sistema financeiro tem liquidez suficiente e que o setor bancário é resiliente num comunicado conjunto que responde a um amanhecer vermelho nas praças europeias.
É o primeiro teste depois do anúncio de que o maior banco suíço, o UBS, vai ficar com o segundo maior, o Credit Suisse. João Queiroz, responsável pela negociação no Banco Carregosa, acredita que serão precisos mais uns dias para avaliar o impacto da fusão.
"O mercado precisa de algum tempo para poder digerir, para as dinâmicas do mercado obrigacionista voltarem, outra vez, a ter o mesmo quadro de racionalidade nos operadores do mercado, principalmente nos investidores e detentores de obrigações, para que se sintam mais confortáveis para esta evolução. Vai ser necessário tempo, mais uns dias, para ver como é que os acionistas e obrigacionistas do Credit Suisse se vão adaptar a este quadro, poderem fazer as suas contas e verem se faz sentido evoluir para situações de tribunal ou não", explicou à TSF João Queiroz.
As bolsas europeias abriram a perder com o anúncio da compra do Credit Suisse, mas os efeitos não se ficam por aqui. O preço do petróleo e do gás natural desceu e houve uma nova subida do ouro, que vai nos dois mil dólares por onça, quase a chegar ao máximo histórico de 2020.
No domingo foi divulgado que o banco UBS vai pagar em ações o equivalente a 3.000 milhões de francos suíços (3.030 milhões de euros) para ficar com o Credit Suisse, que até agora era considerado o segundo estabelecimento bancário mais importante da Suíça e que se tornará subsidiário do UBS.
Envolto em graves problemas financeiros e de imagem, o Credit Suisse sofreu uma queda de 24% na bolsa de Zurique na última quarta-feira, depois do seu principal acionista desde 2022, o Saudi National Bank (SNB), ter garantido que não iria investir mais na entidade bancária para limpar as suas contas.
O setor bancário tem estado sob tensão desde que os grandes bancos centrais começaram a subir fortemente as taxas de juro para controlar a inflação. Muitos bancos não conseguiram preparar-se, após anos de dinheiro barato.
O recente colapso, nos Estados Unidos, do Silicon Valley Bank e de outros bancos regionais aumentou a angústia dos investidores e levou-os a vender os títulos dos bancos considerados mais fracos.
No caso do Credit Suisse, que atravessou um período de dois anos difíceis e alguns escândalos, os esforços da liderança para apresentar um plano de reestruturação de três anos pouco resolveram.