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Montenegro declara situação de calamidade
O Governo decretou esta terça-feira a situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos intensos incêndios rurais que assolam sobretudo o Centro e Norte do país. A medida foi anunciada pelo primeiro-ministro no final de um Conselho de Ministros extraordinário que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado foi o primeiro a dirigir-se ao país, sublinhando que “não podemos cair no facilitismo”, apesar de reconhecer uma evolução favorável.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que concordava com as deliberações do Governo e defendeu que “não se trata apenas de solidariedade institucional, mas sim de uma solidariedade estratégica” com o Executivo.
Luís Montenegro reforçou a mensagem de que ainda existem riscos, afirmando que “as horas difíceis ainda não acabaram”.
O líder do Governo revelou que foi deliberado elevar “para situação de calamidade todos os municípios afetados por estes incêndios”.
A situação de calamidade, acrescentou, “vai permitir que a equipa multidisciplinar, coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, possa desde já oferecer o apoio mais imediato e urgente”.
Montenegro indicou ainda que estão já a ser avaliados os estragos, por forma a serem encontradas respostas “o mais rápido possível”. Essas respostas passam, por exemplo, por dar abrigo a quem perdeu a habitação e apoios a quem perdeu os meios de subsistência. O Governo pretende ainda apoiar as empresas que foram afetadas para que possam retomar a laboração e manter os empregos.
O chefe de Governo indicou ainda que irá acionar o Fundo de Solidariedade Europeu se os requisitos se vierem a verificar.
No final, Montenegro deixou duras palavras para os responsáveis pelos incêndios. “Há coincidências a mais. O Estado vai atrás dos responsáveis por estas atrocidades”. O primeiro-ministro aludiu a “interesses que sobrevoam estas ocorrências”, indicando que não se trataram de atos de pirómanos.
Melhoria operacional ensombrada por mortes
Hoje a situação operacional melhorou face a segunda-feira, que foi, aliás, o dia com mais incêndios este ano: 277. Das quase três centenas de fogos rurais, 40 tornaram-se grandes incêndios, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
A área ardida desde domingo ascende já a mais de 62 mil hectares, valor que compara com os 34,5 mil hectares que arderam em todo o ano passado, no qual não se registaram vítimas mortais devido a incêndios rurais.
Apesar de esta terça-feira ter sido um dia menos dramático no combate aos incêndios, voltaram a registar-se vítimas mortais. Três bombeiros de Tábua morreram quando se encontravam em trânsito para combater as chamas.
A jogar a favor do combate às chamas estão as previsões meteorológicas, que antecipam uma descida das temperaturas e um abrandamento do vento, o que poderá facilitar a tarefa dos operacionais no terreno.