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09 outubro 2024 20h46

Montenegro diz que governos "têm de olhar para a frente" sem perder identidade

O primeiro-ministro defendeu esta quarta-feira, num discurso dedicado à ciência, que os governos têm de "olhar para a frente" e avançar, sem perder a sua identidade, e incutir "na mente portuguesa" que nem sempre se acerta.

Luís Montenegro falava na entrega no prémio Maria de Sousa 2024, que distinguiu hoje cinco cientistas por investigação em genética, neurologia, envelhecimento, metabolismo e doença inflamatória intestinal.

Num discurso de quinze minutos, que se seguiu a uma conferência de uma hora do neurocientista António Damásio sobre "A fisiologia da mente", o primeiro-ministro nunca se referiu diretamente à questão no centro da atualidade política, o Orçamento do Estado para 2025, que será entregue na quinta-feira e tem ainda aprovação incerta, mas deixou alguns recados gerais.

"Nós não temos nada que estar a olhar para trás nem para o lado. Nós temos que olhar para a frente. A academia tem que olhar para a frente, a sociedade tem que olhar para a frente, as empresas têm que olhar para a frente e os governos também", disse.

Montenegro acrescentou que é bom que "todos olhem para frente" e que não percam a sua identidade.

"É bom que não percamos a consciência daquilo que é importante e que já fizemos, mas é muito melhor que nós estejamos orientados para aquilo que ainda podemos fazer, para aquilo que podemos acrescentar", afirmou.

O primeiro-ministro assegurou que o Governo está empenhado "em garantir um sistema de apoio à ciência, de apoio ao conhecimento, de apoio à academia, de apoio às empresas, de apoio às instituições, que permita levar à vida das pessoas aquilo que são as conquistas" dos cientistas.

"Sempre com uma coisa que é fundamental e que é preciso também incutir na nossa mente portuguesa: nem sempre vamos acertar e nem sempre as investigações conduzem a resultados que trazem sucesso, mas há uma coisa que nós temos a certeza, se elas não forem feitas e aprofundadas, aí é que não produzem efeito nenhum", afirmou.

O primeiro-ministro deixou um elogio ao trabalho da Fundação Bial, que completa 30 anos, e ao seu presidente, Luís Portela.

"Quando juntamos as universidades, as empresas, as associações ou fundações, as associações socioprofissionais e todos se conjugam no esforço, ainda por cima sem nenhuma necessidade de financiamento público, para aprofundar a dimensão que a ciência e o conhecimento nos trazem e que depois tem uma aplicação na vida das pessoas", elogiou.

O primeiro-ministro salientou que o trabalho dos muitos premiados por esta fundação "é a demonstração de que vale a pena apostar no conhecimento e vale a pena que alguns recursos, mesmo vindos das empresas, da iniciativa privada, possam ser alocados a algo que é imaterial, que é universal".

"O conhecimento depois de adquirido é de todos. Ele tem uma paternidade, ele tem uma origem, mas ele tem um valor que é global. E é um valor que nós não podemos diminuir e que nós temos o dever de estimular. E é isso que este Governo pretende fazer: educar, ir mais longe na capacidade criativa de conhecimento, de inovação e depois aplicar isso na vida das pessoas", assegurou.

O prémio, atribuído pela Fundação Bial, que financia, e pela Ordem dos Médicos, que designa os membros do júri a par da Bial, homenageia no seu nome a imunologista Maria de Sousa (1939-2020) e destina-se a apoiar jovens cientistas portugueses, até aos 35 anos, em projetos de investigação na área das ciências da saúde.

A Fundação Bial, criada em 1994 pela farmacêutica com o mesmo nome em parceria com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, tem como missão "incentivar o estudo científico do ser humano, tanto do ponto de vista físico como espiritual".