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30 maio 2013 13h57

"Não podemos massacrar nenhuma geração"

O economista Augusto Mateus defende que é necessário reformar o Estado social, designadamente os modelos pensionistas e de protecção na velhice, para garantir que este possa perdurar para além das actuais gerações.
 
“Não podemos massacrar nenhuma das gerações”. “Não podemos ser contra aqueles que estão numa situação ainda mais difícil e que têm uma quase certeza que não deveriam ter: que provavelmente não terão ninguém que pague a sua segurança social”, afirmou, acrescentando que é preciso encontrar formas de “unir” quem tem hoje 60 e 30 anos.
 
Falando nesta quinta-feira na apresentação, em Lisboa, do estudo por si liderado para a Fundação Francisco Manuel dos Santos “25 Anos de Portugal Europeu. A economia, a sociedade e os fundos estruturais”, Mateus frisou que Portugal desperdiçou parte dos fundos europeus em muitas obras públicas sem retorno nem nexo, lamentando que, nestes já longos anos, se tenha desprezado a produção e as fábricas e incentivado em demasia a construção civil.
 
"Felizmente o nosso enamoramento com obras públicas acabou”, mas “acabámos com gente muito nova extremamente endividada” e sem grande capacidade de mobilidade (“quem tem uma casa em Queluz não aceita uma oferta de trabalho em Braga”) , num fenómeno que comparou ao “feudalismo”.
 
Nestes anos “tivemos o consumo sempre acima da produção de riqueza. E colectivamente a nossa história deveria ter sido ao contrário”. “Temos de derrotar os que querem voltar a trás, os que não perceberam e que acham que destruir fábricas e substituí-las por empreendimentos residenciais dá no mesmo”, frisou o antigo ministro da Economia de António Guterres.