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24 outubro 2024
14h13
Fonte:
Jornal de Negócios
Nobel da Economia avisa que é preciso limitar o poder das 'big tech'
O prémio Nobel da Economia Simon Johnson considera que se permite que os multimilionários donos das gigantes tecnológicas tenham demasiado poder, que usam em benefício da sua riqueza, e que a inteligência artificial deve servir os menos qualificados.
A Real Academia Sueca de Ciências anunciou na semana passada a atribuição do Nobel da Economia deste ano a Simon Johnson, Daron Acemoglu e James A. Robinson por terem demonstrado a importância das instituições sociais na prosperidade dos países.
Em entrevista à France Presse, Simon Johnson falou da inteligência artificial, um dos temas a que atualmente mais se dedica, considerando que esta tem de beneficiar também os menos qualificados, a propósito dos riscos da automação do trabalho.
Para o economista, a incapacidade das democracias em produzirem resultados que as populações sintam como benéficos representam um problema e é fundamental que o trabalho crie mais produtividade mas que também o "salário seja mais alto e as condições de trabalho e de vida melhores".
"Se um sistema faz promessas e não cumpre podemos esperar alguma deceção e reação negativa", afirmou.
Sobre o impacto da inteligência artificial, considerou que deixar os seus desenvolvimentos e impactos nas mãos dos 'gurus' das grandes empresas tecnológicas (as designadas 'big tech') faz com que esta sirva sobretudo os seus donos e a sua riqueza e que é preciso introduzir reformas.
"Sejamos honestos. A inteligência artificial é benéfica principalmente para as grandes empresas tecnológicas. Estas pessoas são vistas como heróis hoje, mas penso que temos de nos perguntar se devemos confiar tanto poder a um pequeno número de pessoas", afirmou, considerando que se lhes é outorgado esse poder o que farão será em benefício "da sua própria riqueza", não da comunidade.
O modelo económico de empresas como Meta (Facebook, Instagram) e Alphabet (casa-mãe do Google), disse, é pela publicidade digital baseada muito na manipulação das emoções, em criar ira e meter uns contra os outros, o que considerou "muito mau" para as pessoas e "terrível para a democracia".
O economista defende que é preciso pressionar estas empresas para mudarem o seu modelo de negócio, de modo a "despolarizar" a sociedade e que as comunidades possam voltar ao terreno do bem comum.
O economista não defende proibições, considerando que não funcionariam, mas que haja altos impostos sobre estas empresas e disse que com Daron Acemoglu propôs impostos elevados sobre a publicidade digital. Nos Estados Unidos esse imposto geraria receitas de 200 mil milhões de dólares.
Simon Johnson, de 61 anos, é professor na Universidade norte-americana MIT - Massachusetts Institute of Technology e foi economista chefe e diretor do departamento de investigação do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esta quarta-feira, Johnson juntou-se a outros 22 intelectuais galardoados com o Nobel da Economia numa carta em que deram apoio à candidatura da democrata Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos e criticaram a agenda económica do Republicano Donald Trump, criticando as suas intenções de cortes fiscais regressivos que levariam a inflação, défices e maior desigualdade.
Em 2010, Simon Johnson escreveu sobre a crise em Portugal, o que desagradou ao então Governo (PS). Numa análise realizada para o jornal norte-americano New York Times, intitulada "O próximo problema global: Portugal", o economista antecipou que Portugal seria "o próximo alvo dos mercados financeiros", pois, considerava, "está, como a Grécia, à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que a Argentina em 2001".
Então, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos classificou de "disparate" e "ignorância" as declarações.
A Real Academia Sueca de Ciências anunciou na semana passada a atribuição do Nobel da Economia deste ano a Simon Johnson, Daron Acemoglu e James A. Robinson por terem demonstrado a importância das instituições sociais na prosperidade dos países.
Em entrevista à France Presse, Simon Johnson falou da inteligência artificial, um dos temas a que atualmente mais se dedica, considerando que esta tem de beneficiar também os menos qualificados, a propósito dos riscos da automação do trabalho.
Para o economista, a incapacidade das democracias em produzirem resultados que as populações sintam como benéficos representam um problema e é fundamental que o trabalho crie mais produtividade mas que também o "salário seja mais alto e as condições de trabalho e de vida melhores".
"Se um sistema faz promessas e não cumpre podemos esperar alguma deceção e reação negativa", afirmou.
Sobre o impacto da inteligência artificial, considerou que deixar os seus desenvolvimentos e impactos nas mãos dos 'gurus' das grandes empresas tecnológicas (as designadas 'big tech') faz com que esta sirva sobretudo os seus donos e a sua riqueza e que é preciso introduzir reformas.
"Sejamos honestos. A inteligência artificial é benéfica principalmente para as grandes empresas tecnológicas. Estas pessoas são vistas como heróis hoje, mas penso que temos de nos perguntar se devemos confiar tanto poder a um pequeno número de pessoas", afirmou, considerando que se lhes é outorgado esse poder o que farão será em benefício "da sua própria riqueza", não da comunidade.
O modelo económico de empresas como Meta (Facebook, Instagram) e Alphabet (casa-mãe do Google), disse, é pela publicidade digital baseada muito na manipulação das emoções, em criar ira e meter uns contra os outros, o que considerou "muito mau" para as pessoas e "terrível para a democracia".
O economista defende que é preciso pressionar estas empresas para mudarem o seu modelo de negócio, de modo a "despolarizar" a sociedade e que as comunidades possam voltar ao terreno do bem comum.
O economista não defende proibições, considerando que não funcionariam, mas que haja altos impostos sobre estas empresas e disse que com Daron Acemoglu propôs impostos elevados sobre a publicidade digital. Nos Estados Unidos esse imposto geraria receitas de 200 mil milhões de dólares.
Simon Johnson, de 61 anos, é professor na Universidade norte-americana MIT - Massachusetts Institute of Technology e foi economista chefe e diretor do departamento de investigação do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esta quarta-feira, Johnson juntou-se a outros 22 intelectuais galardoados com o Nobel da Economia numa carta em que deram apoio à candidatura da democrata Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos e criticaram a agenda económica do Republicano Donald Trump, criticando as suas intenções de cortes fiscais regressivos que levariam a inflação, défices e maior desigualdade.
Em 2010, Simon Johnson escreveu sobre a crise em Portugal, o que desagradou ao então Governo (PS). Numa análise realizada para o jornal norte-americano New York Times, intitulada "O próximo problema global: Portugal", o economista antecipou que Portugal seria "o próximo alvo dos mercados financeiros", pois, considerava, "está, como a Grécia, à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que a Argentina em 2001".
Então, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos classificou de "disparate" e "ignorância" as declarações.