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29 novembro 2023 10h00

OCDE corta previsão de crescimento para 2,2% este ano e revê inflação em baixa

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu esta quarta-feira em baixa as previsões de crescimento da economia portuguesa para este ano e para o próximo. A organização espera que a expansão do produto interno bruto português (PIB) abrande para 2,2% este ano e só volte a acelerar em 2025.

A explicar esta revisão em baixa das projeções de crescimento para Portugal está "o crescimento global modesto e a elevada incerteza" quanto a novos choques externos que possa afetar a atividade económica nacional, embora o mercado de trabalho continue resiliente e "apoie o crescimento dos salários e o consumo privado".

"Os efeitos da inflação, as condições financeiras mais restritivas e o fraco crescimento nos principais parceiros comerciais de Portugal restringiram a actividade económica, embora as medidas orçamentais estejam a proporcionar alguma compensação", explica a OCDE, notando que o PIB português "estagnou durante o segundo e terceiro trimestres".

Além disso, a OCDE dá conta de que a produção industrial abrandou, as exportações de bens diminuíram e as empresas e famílias estarem menos confiantes em relação à evolução da economia. Por outro lado, reconhece que a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) deverá continuar a impulsionar o investimento no país.

Assim, em vez dos 2,5% que tinha antecipado nas previsões de junho, a OCDE está agora a prever que o PIB português cresça 2,2% este ano, menos três décimas. Para o próximo ano, estima que o crescimento da economia nacional arrefeça para 1,2%, o que compara com os 1,5% que tinha avançado na última previsão.

OCDE vê economia acelerar novamente em 2025

Os 2,2% que a OCDE estima para ano estão em linha com as projeções do Ministério das Finanças, do Conselho de Finanças Públicas (CFP) e da Comissão Europeia. Ficam ainda uma décima acima das projeções do Banco de Portugal e uma décima abaixo das projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Já os 1,2% que a OCDE antecipa para o próximo ano são menos otimistas do que todas as restantes projeções. O Ministério das Finanças prevê que a economia se expanda 1,5% em 2024, assim como o Banco de Portugal e FMI. Já o CFP antecipa que a economia portuguesa vai crescer 1,6% no próximo ano e a Comissão Europeia prevê um abrandamento para 1,3%.

A OCDE sublinha, no entanto, que o "fortalecimento progressivo da procura externa" vai apoiar as exportações portuguesas em 2024 e 2025, ", à medida que os principais parceiros comerciais de Portugal forem recuperando da atual crise. Face a isso, espera que, em 2025, a economia portuguesa volte a acelerar, com o PIB a expandir-se 2%.

Para 2025, a Comissão Europeia e o CFP estão a antever um crescimento abaixo do estimado pela OCDE (de 1,8%). Por outro lado, o Banco de Portugal e o FMI estão mais otimistas do que a organização sediada em Paris. O Banco de Portugal aponta para uma aceleração de 2,1% no PIB, enquanto o FMI prevê um crescimento de 2,2%.

Inflação abranda para 5,5% este ano e 3,3% no próximo, diz OCDE

A OCDE estima ainda que a inflação anual em Portugal vai abrandar para 5,5% este ano, antes de desacelerar para 3,3% no próximo. Esse alívio nos preços no consumidor vai ser mais intenso "à medida que os preços da energia e dos produtos alimentares estabilizam e as pressões sobre os preços dos serviços diminuem".

Em comparação com as previsões de junho, a OCDE vê a inflação abrandar mais este ano. Os 5,5% de inflação esperados pela OCDE estão em linha com as previsões da Comissão Europeia e ligeiramente acima da previsões do Minsitério das Finanças e FMI (ambos antecipam 5,3% de inflação em 2023), Banco de Portugal (5,4%) e CFP (5,2%). Já a previsão para 2024 mantém-se inalterada face a junho.

A OCDE nota que "o crescimento do emprego ou dos salários acima do esperado" está a apoiar o consumo, mas também "a alimentar a inflação". "Em contrapartida, as despesas do PRR podem ser implementadas mais lentamente do que o previsto, implicando simultaneamente um crescimento mais baixo e uma inflação mais baixa", refere.

A juntar a isso, "as reduções fiscais e o aumento das transferências sociais e dos salários públicos vão proporcionar algum apoio aos rendimentos das famílias, mas também vão abrandar a descida da inflação".