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Países Baixos dão o pontapé de saída para umas eleições assombradas pela extrema-direita
Os Países Baixos deram o pontapé de partida para as eleições europeias, as únicas no mundo que elegem um parlamento transnacional. Ao longo de quatro dias, os eleitores de 27 Estados-membro vão dirigir-se às urnas para eleger 720 deputados – mais 15 do que a composição atual, depois de países como a Alemanha, a Espanha ou os Países Baixos terem ganho dois lugares cada.
Numa eleição que, de acordo com as sondagens, vai ser marcada pela ascensão da extrema-direita no Parlamento Europeu, os Países Baixos configuram-se como o estudo de caso perfeito para início a este ato eleitoral. O Partido pela Liberdade (PVV), liderado pelo político de extrema-direita Geert Wilders, lidera as sondagens, depois de ter chocado a Europa nas últimas eleições nacionais ao terminar em primeiro lugar com mais de 23% dos votos.
Wilders, que em tempos promoveu a ideia da saída dos Países Baixos da União Europeia (movimento conhecido como "Nexit"), tem se vindo a afastar da narrativa anti-europeísta que adotou nos últimos anos. Numa ação de campanha, o líder do PVV, citado pelo The Guardian, apelidou estas eleições como "cruciais para o futuro da Europa", destacando o seu papel em políticas de "asilo e soberania nacional".
Políticas como o pacto das migrações têm centrado o debate das eleições europeias por todo o continente e os partidos de extrema-direita têm cavalgado uma retórica anti-imigração para conquistarem o eleitorado. As sondagens preveem um crescimento de um para oito lugares por parte do PVV, numa batalha aguerrida com a aliança "Green-Left-Labour", liderada pelo antigo vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans.
É possível desenhar vários paralelos entre o crescimento do PVV nos Países Baixos com o resto da Europa. Segundo a projeção mais recente do Euro Elects, o grupo de extrema-diretia Identidade e Democracia (que inclui o Chega) poderá subir dos atuais 49 lugares para 68 e aumentar o seu poder de influência nas políticas europeias.
O Partido Popular Europeu (inclui o PSD e o CDS-PP) deve manter a maioria no Parlamento Europeu e eleger 180 eurodeputados, enquanto os Socialistas&Democratas (que incluem o PS) devem conquistar o segundo lugar com 138 eurodeputados. Os liberais do Renovar a Europa (onde está inserida a Iniciativa Liberal) devem ser o grupo parlamentar que mais perde lugares, passando dos atuais 102 para 86.
Apesar do antecipado crescimento da extrema-direita, estes três grupos, que juntos formam uma coligação informal, devem manter a maioria absoluta no Parlamento Europeu, conquistando um total de 404 lugares e continuando a definir o rumo das políticas europeias.
Na sexta-feira, é a vez da Irlanda votar e da República Checa começar o ato eleitoral, que se prolonga até sábado. Nesse dia, votam ainda a Letónia, Malta, Eslováquia e Itália, que também realiza o ato eleitoral no domingo. A maior fatia dos Estados-membro, incluindo Portugal, vota exclusivamente no dia 9 de junho.
Por cá, a Aliança Democrática (AD) lidera as intenções de voto da última sondagem realizada pela Intercampus para o Negócios, o CM e a CMTV. A coligação que junta o PSD, o CDS e o PPM conquista 24,8% das intenções de voto, estando em empate técnico com o PS, que regista 24,1%. O número de indecisos é ainda bastante elevado (12,5%) e as eleições estão longe de estarem definidas. Portugal elege 21 eurodeputados.