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20 agosto 2024 12h48

Portugal enfrenta quebras nos clientes externos com atividade a abrandar

Depois de a procura externa líquida ter dado um contributo negativo para a evolução da economia no segundo trimestre, a conjuntura do arranque do segundo trimestre não oferece para já sinais de melhorias para os meses de verão.

As empresas dos destinos de exportações nacionais veem nesta altura encomendas em quebra, com a produção das respetivas indústrias a trilhar abaixo dos níveis de anos anteriores, relata nesta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) em nova síntese económica de conjuntura.

A nota descreve que "o saldo das opiniões dos empresários da indústria transformadora dos principais países clientes sobre a evolução da respetiva carteira de encomendas diminuiu em junho e julho".

Por outro lado, "o índice de produção industrial dos principais países clientes manteve variações homólogas negativas desde abril de 2023, registando uma taxa de -1,1% em junho (-1,5% em maio)", assinala também. Ainda assim, em termos mensais observou-se alguma recuperação, com a produção industrial dos clientes nacionais a avançar 0,4%, após ter diminuído 0,7% em maio.

No retrato de junho, recorde-se, a produção industrial nacional surge também mais fraca, 3% abaixo de um nível antes, com o índice agregado para o segundo trimestre a entrar em abrandamento (subida de 1,2% face a um ano antes).

A síntese indica entretanto também que os indicadores de curto prazo relativos à atividade económica na perspetiva da produção, disponíveis para junho, apontam para uma diminuição em volume na indústria.

O cenário mais negativo para as exportações refletiu-se já em junho numa nova quebra nas vendas ao exterior, com a síntese do INE a recordar que as exportações ficaram nesse mês, em termos nominais, 3,8% abaixo de um ano antes (-0,8% em maio). Já as importações recuavam 6,4% (-3,6% em maio).

"Destacaram-se, pelas reduções face ao mês homólogo, as exportações de material de transporte (-18,5%), sobretudo de automóveis para transporte de passageiros, e as importações de combustíveis e lubrificantes (-19,9%), devido, essencialmente, ao decréscimo em volume (-42,1%) dos óleos brutos de petróleo", segundo o INE.

Compras sobem 8,9% e vendas de cimento recuperam

Após a estagnação económica verificada no segundo trimestre, com uma variação de 0,1% em cadeia (1,5% de subida homóloga do PIB), o número de novos indicadores disponíveis para avaliar o desempenho do arranque no segundo trimestre permanece limitado.

Ainda assim, alguns sinais sustentam a ideia de compensação para a economia pelo lado da procura interna, tal como já antecipado nas indicações preliminares do INE para o comportamento do PIB no segundo trimestre, que apontaram para alguma aceleração no consumo privado e no investimento.

Apesar de abrandarem, as compras em terminais de pagamento mantinham em julho um crescimento elevado, de 8,9%, face a um ano antes (10,3% de subida no mês anterior). Já os levantamentos em multibanco registavam uma quebra de 2,5% (-3,6% no mês anterior).

Nos poucos sinais novos disponíveis quanto ao andamento do investimento, o INE assinala que "as vendas de cimento produzido em território nacional (não ajustadas de efeitos de sazonalidade e de dias úteis), já disponíveis para julho, aumentaram em termos homólogos no último mês, após a diminuição observada em junho (taxas de +2,6%, -5,1% e +9,7% nos últimos três meses)".

Por outro lado, porém, "as vendas de veículos ligeiros comerciais abrandaram em termos homólogos nos últimos três meses (taxas de 83,9%, 22,4%, 10,1% e 5,8% entre abril e julho), enquanto as vendas de veículos pesados diminuíram no último mês, após os aumentos observados nos três meses anteriores, de forma bastante significativa em junho (taxas de +2,7%, +1,5%, +56,4% e -2,5% entre abril e julho)".