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PSOE denuncia "guerra suja" da direita espanhola e pede a Sánchez para não se demitir
O Partido Socialista de Espanha (PSOE) denunciou este sábado uma "guerra suja" da direita e extrema-direita contra o primeiro-ministro do país e a sua família, baseada em campanhas de desinformação, pedindo a Pedro Sánchez para não se demitir.
"Presidente, fica. Pedro, fica. Estamos contigo. Em frente!", disse a vice de Sánchez no PSOE e no Governo, Maria José Montero, na abertura de uma reunião da Comissão Federal do partido, em Madrid, três dias depois de o primeiro-ministro ter anunciado que ponderava demitir-se e que fará uma comunicação ao país na segunda-feira sobre o seu futuro.
A reunião da Comissão Federal decorre na sede nacional do PSOE, em Madrid, e milhares de pessoas estão também concentradas nas imediações do edifício, manifestando apoio a Sánchez, com bandeiras do partido e cartazes em que lhe pedem para não se demitir.
Sánchez revelou estar a ponderar demitir-se na quarta-feira, no mesmo dia em que um tribunal confirmou a abertura de um "inquérito preliminar" envolvendo a sua mulher, Begoña Gómez, por alegado tráfico de influências e corrupção, na sequência de uma queixa de uma associação conotada com a extrema-direita que o Ministério Público já disse entretanto não ter fundamento, pedindo o arquivamento do caso.
O líder PSOE e do Governo de Espanha disse que ele e a mulher estão a ser vítimas há meses de uma "máquina de lodo" da direita e extrema-direita, em que dois partidos - Partido Popular (PP) e Vox - são "colaboradores" de uma "galáxia digital de ultra-direita" que lança rumores e mentiras, em ataques pessoais que depois são levadas para o debate político.
Sánchez disse na quarta-feira não saber se "vale a pena" continuar à frente do Governo perante "o lodaçal" em que PP e Vox "pretendem transformar a política".
A Comissão Federal do PSOE, o máximo órgão do partido entre congressos, reuniu-se este sábado em Madrid num encontro transformado numa manifestação de apoio a Sánchez, com apelos a que também militantes e simpatizantes fizessem o mesmo, saindo às ruas.
Na abertura da reunião, que está a ser transmitida em ecrãs instalados na rua da sede nacional do PSOE, a vice-secretária-geral e vice-presidente do Governo, Maria José Montero, denunciou a "guerra suja" contra Pedro Sánchez e a família por parte do Partido Popular e associações da extrema-direita, comparando-a com fenómenos e campanhas ocorridas no Brasil, Estados Unidos, Argentina e "muitos países europeus".
Maria José Montero disse que "a principal arma é a desinformação" e o objetivo é "a desumanização" dos políticos por parte de partidos e setores que não aceitam resultados eleitorais e considerou urgente defender o debate político e a democracia.
"Se fecharmos os olhos (...) será a própria democracia que se afunda no lodo", afirmou.
"As democracias retrocedem quando as pessoas pensam que o poder não depende do seu voto", acrescentou.
Maria José Montero considerou que há em Espanha "uma situação irrespirável criada com base em mentiras e ódio" e acusou o PP, partido da direita tradicional, de "ter deixado cair há anos o cordão sanitário em volta da extrema-direita" e ter entrado numa "espiral de retroalimentação" com forças extremistas, chegando a referir o nome do atual líder dos populares, Alberto Núñez Feijóo.
Além de vários pedidos diretos a Pedro Sánchez para não ceder "à máquina de lodo", porque "Espanha não pode retroceder", Maria José Montero dirigiu-se também à mulher do primeiro-ministro, num momento da intervenção que foi aplaudido de pé pela Comissão Federal do PSOE e apoiada, com gritos e aplausos, também pelos manifestantes no exterior do edifício.
"Begoña, companheira, estamos todas contigo. As mulheres sabemos o que custa construir uma carreira profissional, ser olhada sempre com lupa e exigirem-nos sempre mais", afirmou.
Dirigentes nacionais, regionais e municipais do PSOE, reunidos em Madrid em plena campanha eleitoral na Catalunha, estão a fazer intervenções na Comissão Federal de apoio a Sánchez, em linha do que tem acontecido nos últimos dias, incluindo "barões" do PSOE habitualmente críticos com o líder do partido .
O PP e o Vox acusam Pedro Sánchez de estar a vitimizar-se e a fazer "um espetáculo" que envergonha o país internacionalmente, para desviar as atenções de suspeitas de corrupção e para fazer campanha eleitoral em véspera de várias eleições.