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Santos Silva diz que PS deve estar disponível para acordos pontuais com a AD
"Ser oposição, em democracia, não é ‘ser do contra’". O ainda Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva e candidato do PS pelo círculo Fora da Europa parte deste pressuposto para defender que o PS deve estar disponível para acordos pontuais com o Governo da Aliança Democrática.
"Ser oposição, em democracia, não é ‘ser do contra’; é ser crítico, combativo e alternativo, e também estar disponível para os compromissos que sejam úteis, por exemplo na área da justiça, ou indispensáveis, face à União Europeia ou até em finanças públicas", refere o dirigente socialista num artigo de opinião este domingo no jornal Público. No entanto, acrescentam devem ser "salvaguardados pontos críticos fundamentais".
Santos Silva sublinha que "o PS nunca foi a voz que anunciava uma crise todas as quinzenas; deve manter o sentido de responsabilidade que os portugueses lhe creditam", mas deve ser ele a liderar a oposição.
Considera que o PS teve uma "derrota honrosa", apesar de ter perdido "mais de meio milhão de votos em relação a 2022", vendo "constituir-se uma ampla maioria de direita no Parlamento, a qual, mesmo que agora viesse o PS a ter mais votos e/ou mais deputados (desenlace improvável, mas não impossível), inviabilizaria a prossecução do seu programa."
Em relação aos resultados do passado domingo, o ainda Presidente da Assembleia da República considera que "estamos perante a convergência de três grupos: os que querem mostrar que estão frustrados e zangados, porque esperavam mais, para o seu bem-estar, da democracia; os que acreditaram na demagogia do tudo para todos com que o Chega procurou atrair funcionários, polícias, agricultores, pequenos empresários e idosos; os que comungam da ideologia da extrema-direita, sendo convicta ou superficialmente nacionalistas, xenófobos, machistas, intolerantes, adversários da ação climática e avessos a normas de civilidade e respeito democrático."
O cabeça de lista socialista pelo círculo Fora da Europa, cujos resultados serão conhecidos até dia 20 e assim saberá se foi eleito, estranha ainda o "silêncio da Igreja Católica" numa "campanha com tão fundas questões morais" e com os resultados conhecidos.
Para Santos Silva, estes resultados mostram "o afastamento das novas gerações face aos partidos" tradicionais e acredita que "é uma grave ameaça para o PS, à qual o PSD não está imune" e sugere que é preciso perceber a influência das redes sociais "e a sua lógica de manipulação".
Para a segunda figura do Estado "reatar o laço intergeracional em perda é o maior desafio que domingo passado deixou aos 50 anos do 25 de Abril."