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16 junho 2024 16h08

Von der Leyen acusa Putin de propor condições "ultrajantes" para a paz

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusou este domingo, 16 de junho, o Presidente russo, Vladimir Putin, de propor condições "ultrajantes" para a paz e advertiu que será a Ucrânia a determinar as condições para uma paz justa.

Von der Leyen falava numa intervenção no final da Cimeira para a Paz na Ucrânia, realizada nos arredores de Lucerna, na Suíça, na qual também intervieram o Presidente da Ucrânia, Volodymir Zelenski, o Presidente do Chile, Gabriel Boric, e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, entre outros.

A grande participação de líderes na cimeira demonstra, segundo a presidente da Comissão, que a guerra provocada pela agressão russa preocupa o mundo pela situação em si e pelas repercussões ao nível da segurança futura, do acesso à energia e do comércio internacional.

A paz na Ucrânia, reconheceu, não será alcançada de uma só vez.

A representante acusou o Presidente russo de não levar a sério a necessidade de acabar com a guerra: "Ele insiste em ceder território ucraniano, mesmo território que não está ocupado por ele atualmente. Insiste em desarmar a Ucrânia, deixando-a vulnerável a futuras agressões, e nenhum país aceitaria estas condições ultrajantes", sublinhou.

Por isso, considerou vital que a Ucrânia seja capaz de resistir a esta agressão.

Para Von der Leyen, o objetivo é uma paz justa, abrangente e duradoura que reafirme a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e restabeleça a primazia do direito internacional e da Carta das Nações Unidas.

O caminho para a paz exige paciência e determinação, e caberá à Ucrânia determinar as condições para uma paz justa, sublinhou.

"Quando a Rússia disser que está pronta para a paz com base na Carta das Nações Unidas, então chegará o momento de a Rússia fazer parte dos nossos esforços para levar o caminho da paz até ao seu destino. E eu espero e trabalho para que esse dia chegue em breve", acrescentou.

O primeiro-ministro canadiano afirmou que a União Europeia já concedeu quase 100 mil milhões de euros de apoio à Ucrânia e que o G7 (grupo das sete maiores economias mundiais) também se comprometeu a prestar mais assistência à Ucrânia.

Justin Trudeau garantiu ainda que o Canadá será sempre uma voz forte a favor da paz, da democracia, da liberdade e do Estado de direito internacional.

O trabalho conjunto realizado na cimeira na Suíça ajudou a moldar uma visão comum baseada na Carta das Nações Unidas e no direito internacional, sustentou.

A presidente da Comissão Europeia admitiu que os efeitos da guerra podem durar décadas e recordou que hoje presidiu a um painel de discussão na cimeira sobre a assistência humanitária no conflito no qual se constatou que cerca de 20.000 crianças foram retiradas às famílias.

Ursula Von der Leyen anunciou que o Canadá irá afetar 15 milhões de euros para apoiar a reintegração das crianças deslocadas que regressam à Ucrânia e que tenciona organizar, no seu país, uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros destinada a analisar o custo humano da guerra.

A conferência para a paz na Ucrânia, organizada pela Suíça na sequência de um pedido do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, juntou representantes de quase uma centena de países e organizações - metade dos quais da Europa -, mas foram várias as ausências (foram dirigidos convites a 160 delegações de todo o mundo).

A ausência de maior peso foi a da Rússia, que lançou a guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022 e não foi agora convidada. O Kremlin (Presidência russa) contou com a ‘solidariedade’ de vários países, que rejeitaram participar na cimeira dada a sua ausência, como sucedeu com a China.

O comunicado final "reafirma a integridade territorial do país" e pede que "todas as partes" estejam envolvidas para se alcançar a paz.

Na sexta-feira, Putin prometeu ordenar imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kiev começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e renunciasse aos planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).

As reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território, além de Kiev pretender aderir à aliança militar.