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23 maio 2022 00h00

A génese improvável de um Banco privado

A génese improvável de um Banco privado


 

E tudo começou em 1833, em plena guerra civil Portuguesa. É preciso recuar quase dois séculos para traçar a génese do Banco Carregosa, o primeiro Banco privado da Península Ibérica.

 

 

É preciso recuar aos tempos dramáticos do Cerco do Porto, em finais da primeira metade do século XIX, para encontrar a génese do Banco Carregosa. Origens que remontam a 1833, ano em que seria criada a casa de câmbios Sociedade António Joaquim de Sousa Bastos & Irmão, contemporânea do Banco de Portugal, cuja fundação aconteceria em 1846.

 

O Banco Carregosa, com sede no Porto, foi oficialmente criado em 19 de Junho de 2008. Mas a génese da sua história vem de trás, praticamente dos finais da primeira metade do século XIX, quando Portugal vivia uma sangrenta guerra civil.

 

 

 

A história de um Banco privado forjado a ferro e fogo

 

 

Em 1833, o ano da fundação de uma casa de câmbios que viria a dar origem ao atual Banco Carregosa, o Porto estava a ferro e fogo. Vivia-se o período mais dramático do Cerco. Encurralados dentro da cidade, sete mil e quinhentos soldados, sob o comando de D. Pedro IV, o rei constitucional, enfrentavam, as investidas das tropas miguelistas.

 

As privações durante esta altura foram de uma enormidade indescritível. Faltava tudo. Não havia bens alimentares e o preço dos poucos produtos que ainda era possível encontrar no mercado havia duplicado e, em certos casos, triplicado.

 

E como é que, no meio desse panorama aterrador, alguém teve a coragem de fundar uma casa de câmbios?

 

 

 

 

Um Banco privado com um passado de resiliência

 

 

Apesar dos duros combates, da fome e das doenças, a vida não parou de todo.

 

Os mestres de costura continuaram a talhar casacas e vestidos; os caldeireiros não deixaram de bater o cobre; curtiam-se e cortavam-se couros; e aparelhavam-se e aplainavam-se madeiras.

 

Foi, pois, neste contexto socioeconómico que, em 1833, António Joaquim de Sousa Bastos, com um seu irmão, fundaram a Sociedade António Joaquim de Sousa Bastos & Irmão, para o negócio do câmbio de moedas e venda de cupões e papéis de crédito.

 

E não deve ter sido por acaso que António de Sousa Bastos abriu o seu estabelecimento na aristocrática e opulenta Rua das Flores, mandada construir por D. Manuel I em 1518. Também conhecida por Rua do Ouro (nome que nunca teve oficialmente), devido à abundância de ourivesarias que nela havia.

 

 

 

 

 

Transformação permanente: um princípio chave para um Banco Privado

 

 

Hoje, no mesmo local onde funcionou a "Casa Carregosa”, na Rua das Flores, ainda é possível admirar a fachada renovada, com inspiração clássica, no mesmo local onde tudo começou há quase dois séculos.

 

Anos depois, em 1885 Lourenço Joaquim Carregosa assume a liderança do Banco. O momento é propício. Ao entrar no último quartel do século XIX, a sociedade portuguesa vivia na ânsia de produzir tudo o que representasse progresso material, mas também não perdiam o ensejo de se divertirem.

 

A ligação de Lisboa ao Porto por caminho-de-ferro ficou concluída em 1864. A partir daqui deu-se início a criação de uma vasta rede de transportes que interligou o país, e que facilitou a movimentação de bens, pessoas e capital.

 

 

 

 

A infância da banca em Portugal

 

 

A atividade de crédito e bancária estava, também ela, em franco crescimento. Em 1858 havia em todo o país apenas três Bancos. Em 1865 já eram 12. E dez anos mais tarde eram 51. Os índices de crescimento e de prosperidade de uma vasta classe média que começava a emergir eram por demais evidentes. O país industrializava-se.

 

Em suma, quando Lourenço Joaquim Carregosa assume a gestão da antiga casa de câmbios, o país prosperava e, em muitos aspetos, tendia a aproximar-se do resto da Europa. Mas o crescimento acarreta novas responsabilidades. E assim, num contexto de desenvolvimento, a organização acompanhava a evolução económica e social da sociedade.

 

 

 

 

O início de uma nova fase

 

 

Manoel da Rocha e Silva, pela sua cultura, pelas suas invulgares aptidões naturais de trabalho e pelo interesse que sempre colocou em tudo o que fazia, rapidamente mereceu a confiança dos seus pares na L. J. Carregosa. A partir dos anos 60, passou a integrar a sociedade como acionista. Foi o grande impulsionador da sociedade que serviu com exemplar dedicação até a morte, em 7 de Março de 1997. Conjuntamente com a sua filha, Maria Cândida da Rocha e Silva, foi fundamental para que a Casa Carregosa conseguisse sobreviver a várias convulsões e se modernizasse, até conseguir o estatuto de Banco.

 

A atual presidente do Conselho de Administração do Banco Carregosa nasceu em Vila do Conde em janeiro de 1944. Em 1971 começou a trabalhar com o pai na Casa Carregosa. Foi a primeira mulher corretora oficial da Bolsa, atividade que começou em 1961.

 

Com a revolução de 25 de Abril de 1974, as casas de câmbio foram extintas. A L. J. Carregosa tinha, forçosamente, que se reconverter. E foi o que fez. Mas havia determinação e ambição e, em 1994 é autorizada a L. J. Carregosa — Sociedade Corretora S.A.

 

 

 

 

O que distingue um Banco Privado?

 

 

No ano 2000 acontece o lançamento pela L. J. Carregosa do primeiro serviço de corretagem "online” em Portugal, em parceria com o Saxo Bank.

Em 2007, é lançada a marca de negociação "online” GoBulling, primeiro "broker” a praticar comissão de corretagem zero em todos os mercados Euronext. E logo nesse ano, a GoBulling torna-se líder do mercado de futuros.

 

Mas as lições de uma história que começou quando ainda não existiam computadores, internet ou smartphones continuam bem presentes. O segredo do sucesso a longo prazo reside em ter uma cultura forte e pessoas talentosas e diversificadas. Estamos tão empenhados hoje em colocar os nossos recursos à disposição dos clientes para criar, gerir e distribuir capital, como em 1833.

 

Estamos a construir um futuro mais sustentável para a sociedade, com um foco nas gerações futuras. Para o fazer, suportamo-nos nos princípios sobre os quais a Casa Carregosa foi fundada: a independência, a inovação, o dinamismo, a transparência e a preocupação com o cliente.

 

 

 

A História ensinou-nos a importância desta maneira de pensar. Hoje, quase 200 anos depois, a nossa estratégia está assente na continuidade, estabilidade e sustentabilidade para o benefício duradouro dos nossos clientes.