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19 abril 2024 00h20

A economia global no 1º trimestre de 2024

Vida Ecnómica

O crescimento económico global no primeiro trimestre de 2024 continuou a ser suportado principalmente pela economia norte-americana, mas também foi relativamente ajudado por uma ligeira recuperação da economia chinesa. Todavia, dificilmente a segunda maior economia mundial conseguirá regressar aos robustos crescimentos de há 10 anos. Entretanto, a economia da Zona Euro continua apática, em boa verdade a marcar passo, sobretudo penalizada pela economia alemã.


No passado dia 20 de março, a Reserva Federal dos EUA (Fed) reviu em alta o crescimento económico norte-americano para 2,1% em 2024, acima da estimativa de 1,4% no anterior Outlook de 13 de dezembro, tendo também revisto em baixa a taxa de desemprego de 4,1% para 4%. Porém, as projeções para a taxa de inflação subjacente, que exclui energia e alimentação, medida pelo PCE (Personal Consumption Expenditures Price Index), subiram de 2,4% para 2,6%. Quanto ao dot plot, a Fed manteve inalterada a projeção de dezembro dos três cortes das Fed Funds Rate em 2024.


Entretanto, um ligeiro ressurgimento da inflação desde o início do ano, suportada pelo preço da gasolina mais elevado, pela manutenção dos custos das rendas com a habitação (o denominado shelter) e pelo resiliente mercado de trabalho norte-americano, agravaram as perspetivas quanto ao início do corte das taxas de juro, adiando uma política monetária flexível, corroborando o ‘higher for longer’.


A inflação nos EUA medida pelo IPC subiu para 3,5% em março de 3,2% em fevereiro, tendo sido de 3,1% em janeiro. O regresso a uma política monetária expansionista é gradualmente ameaçado por um relativo ressurgimento da inflação. Quanto à evolução das Fed Funds Rate, atualmente o mercado monetário prevê para este ano apenas um ou dois cortes de 25 pontos base cada. A probabilidade de apenas corte é de 43% e de dois cortes das taxas de juro da Fed é de 57%. No início do ano, o mercado estimava seis a sete cortes.


Quanto à economia da Zona Euro, esta provavelmente já sofreu os piores efeitos da política monetária energicamente restritiva do Banco Central Europeu (BCE) nos últimos dois anos. A desaceleração da inflação da Zona Euro permite ao BCE encetar um novo ciclo de corte das taxas de juro, mas as tensões no Médio Oriente ameaçam agravar os preços do petróleo e os custos de transporte, penalizando uma economia europeia demasiadamente dependente do exterior no que toca à energia, podendo prejudicar as atuais perspetivas económicas. O FMI espera que o crescimento da Zona Euro recupere para 0,8% em 2024, dos 0,4% verificados em 2023.


A economia alemã continua anémica, tendo o PMI manufatureiro germânico regressado à tendência de queda no primeiro trimestre, descendo de 45,5 pontos em janeiro para 41,9 pontos em março, muito aquém dos valores de 50 que separam o território de expansão do de contração. Entretanto, o sentimento empresarial alemão medido pelo Instituto Ifo melhorou em março, superando as expectativas, embora talvez não seja suficiente para evitar que a maior economia da Europa entre novamente em recessão em 2024.


A economia portuguesa mantém-se resiliente, suportada pelo turismo e pelo aumento da população empregada, e a tendência da inflação converge favoravelmente para o objetivo do BCE de 2%. O FMI reviu em alta a projeção para o crescimento do PIB português este ano de 1,5% para 1,7%, mas cortou a estimativa para o próximo ano de 2,2% para 2,1%.


No que concerne à China, e apesar de as estimativas preliminares terem mostrado um crescimento da economia chinesa de 5,3% no primeiro trimestre, acima das previsões, a produção industrial e as vendas a retalho desacelerarem consideravelmente em março. Entretanto, o FMI manteve inalterado o crescimento do PIB chinês em 4,6% em 2024, uma descida face aos 5,2% em 2023, antecipando um declínio adicional para 4,1% em 2025, alertando que o setor imobiliário do país pode prolongar a recessão da procura interna e piorar as perspetivas da segunda maior economia global.