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23 abril 2024 22h00

Assinantes premium dão música às contas da Spotify

Jornal Económico

A indústria da música tem-nos mostrado por diversas vezes que, depois de um mau álbum, os artistas afastam-se dos holofotes até estar devidamente preparados para renascer com um som que agrade a quem os ouve. De certa forma, foi o que aconteceu nos últimos meses à Spofity.


Depois de um 2023 marcado por milhares de despedimentos na empresa – mais de 1.500 cortes de empregos – e dificuldades no pagamento das dívidas aos credores, o grupo sueco de streaming voltou a ser música para os ouvidos dos acionistas. No primeiro trimestre deste ano, a Spotify lucrou 197 milhões de euros, uma melhoria em relação ao prejuízo de 225 milhões de euros registado nos primeiros três meses de 2023.


Apesar de o número de utilizadores ativos mensais ter crescido 19% para 615 milhões, portanto três milhões abaixo do que a multinacional antecipava, a quantidade de assinantes (subscritores) mensais também cresceu a dois dígitos (14%) para 239 milhões. Ou seja, aumentou o número de pessoas que realmente pagam para utilizar o serviço. Mais: a receita média por utilizador (ARPU) com assinatura premium subiu 7% para 4,55 euros.


É mesmo o "ano da monetização”, de acordo com as palavras do cofundador e CEO. "Estamos a cumprir essa ambição. Agora que estamos a mudar o foco para o forte crescimento da receita e expansão das margens, vemos uma oportunidade clara para garantir que também continuaremos a crescer no topo do nosso funil. Sinto-me bem com as mudanças que estamos a implementar”, admitiu o empresário Daniel Ek.


Pela primeira vez desde que a Spotify foi criada, em 2006, o lucro operacional bruto da empresa com sede em Estocolmo ultrapassou os mil milhões de euros. A margem bruta foi de 27,6%, mais 243 pontos base em relação ao ano passado e maior do que a guidance de 26,4%.


Para o analista Paulo Rosa, a implementação de uma estratégia de eficiência, mostra-se, gradualmente, "eficaz”. "No passado, a Spotify realizou vários despedimentos, além de aumentos de preços e outras iniciativas para impulsionar o crescimento da receita e melhorar as margens. A gigante do streaming afirma que será cada vez mais determinada em relação aos investimentos futuros depois de ter gastado recentemente uma soma avultada de dinheiro na entrada no concorrido mercado de podcast”, explicou o economista sénior do Banco Carregosa ao Jornal Económico (JE).


Paulo Rosa diz que, além de "uma postura mais ativa” em relação ao investimento, a Spotify vai aumentar, mais uma vez, os preços em até dois dólares (ou 1,87 euros) após subir o custo de determinados planos de assinatura no último verão passado.


Ramiro Loureiro, trader do Millennium bcp, destacou os ganhos da Spotify em Wall Street. As ações da empresa estavam a subir cerca de 15% para os 313,26 dólares por volta das 15h30 (hora de Lisboa).


"Disparou com forte surpresa nas principais rúbricas. A gigante de streaming de música mostrou um crescimento de quase 20% nas receitas e de quase 50% nos lucros do primeiro trimestre, com ambas as métricas a surpreenderem as estimativas dos analistas. O grupo sueco mostrou ainda forte crescimento de subscritores do serviço premium (+14%), com uma receita média de 4,55 euros por utilizador, a superar o valor esperado pelos analistas”, explicou o analista, em research de mercado.


Paulo Rosa acrescenta que os títulos da Spotify valorizaram mais de 100% em 2023 e subiram 65% desde o início do ano corrente. "A Spotify anunciou que o podcast de Joe Rogan, o mais popular na plataforma, estará disponível em serviços adicionais como Apple Podcasts, Amazon Music e YouTube pela primeira vez em vários anos”, destacou ainda.


Entre os meses de janeiro e março de 2023, as receitas aumentaram 20% para 3,63 mil milhões de euros em termos homólogos, ligeiramente acima dos 3,60 mil milhões esperados pelos especialistas da LSEG. Já os lucros por ação (EPS - Earnings Per Share ) foram de 97 centavos, significativamente mais elevados dos que os 65 centavos previsos pelos analistas da LSEG.


O relatório financeiro deixa ainda perspetivas positivas para o curto prazo: uma previsão de volume de negócios de 3,8 mil milhões de euros no segundo trimestre.