Inflação suporta mercados

PAULO ROSA Economista Sénior do Banco Carregosa

FECHO DA SEMANA

A desaceleração da inflação americana impulsionou os mercados acionistas dos EUA para máximos dos últimos três meses.

O recuo da inflação americana em julho, apresentando uma variação nula em termos mensais, o número mais baixo desde junho de 2020, reduziu as expectativas de subida das taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA (Fed), ditando a alta dos mercados acionistas. Os preços ao consumidor nos EUA permaneceram inalterados em julho devido à acentuada queda no custo da gasolina, um recuo de 20%, dando o primeiro sinal notável de alívio para os americanos, penalizados pela inflação mais elevada dos últimos 40 anos. Apesar de o IPC ter permanecido estável no mês passado, após avançar 1,3% em junho, as pressões inflacionistas permanecem elevadas. Além disso, a Fed pondera se deve adotar outro aumento da taxa de juro de 75 pontos na reunião de 21 de setembro. Todavia, as probabilidades sobre a variação das taxas de juro da Fed, as Fed Funds Rate, inverteram, recuarem e sugerem agora um aumento de 50 pontos base na próxima reunião FOMC com uma probabilidade de 66% e de 75 pontos, cuja probabilidade é de 34%. No início da semana as probabilidades eram de uma alta de 75 pontos com uma probabilidade de 66% e o aumento de 50 pontos tinha uma probabilidade de 34%.

No entanto, a Fed tem indicado há meses que vários declínios mensais no crescimento do IPC seriam necessários antes de diminuir o aperto ‘agressivo’ da política monetária, cuja postura adotou para tentar travar a inflação e trazê-la de regresso à sua meta de 2%.

Os alimentos são a componente do IPC que permaneceu elevada em julho, subindo 1,1% após uma alta de 1% em junho. A inflação no custo das rendas de casa e equivalente da residência principal dos proprietários, que é o que um proprietário receberia ao arrendar a casa, aumentou quase ao mesmo ritmo de junho. Os custos do shelter compreendem cerca de 40% da medida core do IPC e cerca de um terço do IPC total.

Contudo, uma medida alternativa ao preços no consumidor compilada pela Reserva Federal de Cleveland foi menos animadora. O IPC médio de Cleveland, que é considerado uma boa visão da amplitude das pressões dos preços sobre a economia, subiu 6,3% numa base anual em julho, em comparação com 6% em junho, informou o banco regional da Fed de Cleveland. As pressões inflacionistas até recentemente estavam concentradas em bens, mas os consumidores reorientam gradualmente os seus gastos para os serviços à medida que a pandemia diminui. A Fed receia que a aceleração da inflação no setor de serviços seja mais difícil de descortinar e consequentemente de controlar. Um mercado de trabalho extremamente apertado está a elevar os salários, o que, por sua vez, contribui para os preços mais elevados dos serviços. Um relatório separado do Departamento do Trabalho na quarta-feira mostrou que os ganhos semanais médios reais aumentaram 0,5% em julho, o primeiro aumento mensal desde setembro do ano passado.

Na semana passada, os dados referentes ao mercado de trabalho em julho mostraram uma robusta criação de 528.000 empregos, a taxa de desemprego caiu para 3,5%, nível pré-pandemia, e os ganhos salariais mantiveram-se elevados. No entanto, o Jobless Claims, talvez o principal leading indicator do mercado de trabalho americano, aumentou pela segunda semana consecutiva, indicando maior abrandamento no mercado de trabalho, apesar das condições ainda apertadas, enquanto a Fed tenta desacelerar a procura para travar a inflação. ¦

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Valores em dólares [+4,21%] Valores em dólares Valores em euros/onça Valores em pontos [+3,37%] 98,92 [+0,84%] 6.160,72

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Fonte: Investing, Euronext [atualização: 11 de agosto, 17h02]

David Gray/Reuters