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02 dezembro 2022 09h50

Mercados somam e seguem

Mercados somam e seguem
PAULO ROSA Economista sénior do Banco Carregosa

FECHO DA SEMANA

Índices acionistas encerram em alta em novembro, somando segundo ganho mensal consecutivo.

Os principais índices acionistas mundiais registaram mais uma semana de ganhos, impulsionados por um tom menos hawkish do banco central dos EUA e perspetivas de um recuo não só das infeções por covid-19 na China, mas também por alguma abertura do regime chinês às restrições ditadas pela política de "covid zero”. Wall Street encerrou em forte alta na passada quarta-feira, depois de o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, afirmar que o banco central dos EUA pode reduzir o ritmo dos aumentos nas taxas de juro já em dezembro. O S&P 500 recuperou e fechou acima da sua média móvel de 200 dias (4050 pontos) pela primeira vez desde abril. Todavia, Powell também alertou que a luta contra a inflação está longe de terminar e que as questões importantes permanecem sem resposta, incluindo até que ponto as taxas de juro precisarão de continuar a subir e por quanto tempo. A CME FedWatch Tool evidencia agora que os traders de futuros das "Fed Funds Rate” veem uma probabilidade de 80% de que a Fed aumente as taxas de juro em 50 pontos base na sua reunião de 14 de dezembro, acima dos 65% antes dos comentários de Powell serem divulgados. A probabilidade de um aumento de 75 pontos base é agora de apenas 20%.

Os investidores aguardam com expectativa os resultados de hoje do relatório do emprego referente a novembro, esperando que o mercado de trabalho permaneça resiliente, mas que o ritmo de aumento dos salários tenha desacelerado. Uma subida dos salários inferior aos esperados 4,6% em termos anualizados em novembro afastaria o receio de uma espiral salários/inflação, desacelerando a alta dos juros. Também uma criação de empregos igual ou superior a 200 mil postos de trabalho, excluindo agrícolas, corroborada por uma taxa de desemprego igual ou inferior a 3,7%, despertaria novamente junto dos investidores, e das autoridades monetárias dos EUA, a possibilidade de um cenário de um soft landing da economia norte-americana. Entretanto, durante a semana foram sendo divulgados vários dados do mercado de trabalho dos EUA. O número de ofertas de emprego caiu 353.000 para 10,3 milhões em outubro de 2022, quase em linha com as expectativas do mercado, e sugerindo que a procura por trabalhadores começou a moderar devido à perspetiva de abrandamento económica e taxas de juro mais elevadas. Também as empresas privadas nos EUA criaram 127 mil empregos em novembro de 2022, o menor número desde janeiro de 2021, segundo o ADP. Os pedidos iniciais de subsídio de desemprego semanais diminuíram em 16.000 para 225.000 na semana encerrada em 26 de novembro, mostraram dados do Departamento do Trabalho na quinta-feira, refletindo resiliência do mercado de trabalho. Todavia, os pedidos recorrentes de subsídio de desemprego nos EUA atingiram o nível mais alto desde fevereiro, sugerindo que os norteamericanos que perdem o emprego têm gradualmente mais dificuldade para encontrar um novo emprego num mercado de trabalho que mostra sinais de abrandamento. Os números dos subsídios contínuos, que incluem as pessoas que já receberam subsídio desemprego por uma semana ou mais, aumentou em 57.000, para 1,6 milhões na semana encerrada em 19 de novembro, a maior subida num ano. Entretanto, O S&P 500 permanece em queda de cerca de 14% até agora em 2022, enquanto o índice Nasdaq perdeu cerca de 27%. O índice Philadelphia Semiconductor subiu 5,85%, reduzindo a sua perda em 2022 para cerca de 28%.