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20 maio 2022 00h00

Powell e retalho penalizam bolsas

Powell e retalho penalizam bolsas
Discurso mais hawkish de Powell e retalhistas norte-americanas Walmart e Target penalizam mercados acionistas.

O presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, admitiu uma política mais agressiva da Fed se a inflação persistir. Powell referiu que o banco central dos EUA elevará as taxas de juros o mais alto que for necessário para travar o aumento da inflação que, segundo ele, ameaça os alicerces da economia. Reconhecendo a possível ‘dor’ que o controlo da inflação pode causar em termos de crescimento económico mais lento ou desemprego mais elevado, Powell referiu que existem "caminhos” para o ritmo de aumentos de preços diminuir sem a economia entrar em recessão. Mas se a inflação não cair, a Fed não hesitará em aumentar as taxas até que isso aconteça, referiu Powell.

Atualmente, os bancos centrais procuram subir os juros para mitigarem a elevada inflação. Neste contexto, as ações tornam-se menos atrativas no curto prazo, facto que tem contribuído para a recente queda dos índices acionistas. Quanto mais duradouro for o atual cenário de elevada inflação, mais esforços os bancos centrais farão para travá-la nos próximos meses, acelerando ainda mais a subida das taxas de juro e a redução dos seus balanços. Neste contexto, o cenário para os mercados acionistas é pouco favorável, mas qualquer alívio da inflação poderá criar oportunidades no mercado.

O abrandamento da economia chinesa, a inflação elevada e a guerra na Ucrânia serão talvez os maiores riscos que afetam a economia global. Os crescentes aumentos dos preços da energia podem conduzir a uma estagflação, estagnação económica associada a uma elevada inflação, o que seria um dos piores cenários para os mercado acionistas.

As tecnológicas foram das mais beneficiadas pelas baixas taxas de juro porque os lucros mais significativos destas empresas são num horizonte temporal mais distante. Lucros daqui a cinco ou 10 anos atualizados para o dia de hoje, a uma taxa de juro muito baixa, perdem pouco valor. Mas os lucros futuros (prazos daqui a cinco ou 10 anos) atualizados a uma taxa de juro elevada valem hoje muito menos.

Devido à maior constância dos seus cash flows, as "empresas value” tendem a ser menos penalizadas do que as "empresas growth” (nomeadamente tecnológicas) diante da subida dos juros. A rotação de growth para value é uma realidade desde o início do ano e diante das perspetivas de aumentos dos juros. Sendo assim, não é surpresa que seja o tecnológico Nasdaq que mais perde nos EUA desde o início do ano. As empresas com poder do fixação de preços têm mais facilidade em repassar os custos mais elevados ao cliente final e são menos penalizadas pela subida da inflação.

No entanto, nem todas as notícias são negativas e esta semana a produção industrial dos EUA avançou a um ritmo robusto pelo terceiro mês consecutivo. A taxa de utilização da capacidade produtiva foi a mais elevada dos últimos 15 anos. As carteiras de encomendas estão em máximos e aumenta o otimismo de que o PIB do segundo trimestre melhore. A produção industrial está agora mais de 4% acima dos níveis pré-pandemia. ¦?

O abrandamento da economia chinesa, a inflação e a guerra na Ucrânia serão os maiores riscos para a economia global