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25 abril 2024 00h01

Bilionários põem Portugal no 25.º lugar do ranking mundial de qualidade das elites

Portugal ocupa a 25.ª posição no Índice de Qualidade das Elites (EQx) 2024, num total de 151 países, tendo recuperado cinco lugares em relação ao lugar ocupado no ano passado neste ranking internacional de economia política, que fornece uma perspetiva única sobre a criação de valor, categorizando os países pela qualidade das suas elites.

 

A subida de Portugal no EQx2024 deve-se sobretudo ao subíndice de "poder", em que o país ascendeu à 14.ª posição, "refletindo em grande medida a subida de dois indicadores do pilar de inovação disruptiva com forte peso, designadamente o financiamento de capital de risco e a evolução do número de bilionários", explica a Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), a responsável pelo estudo a nível nacional, em comunicado.

 

Óscar Afonso, diretor da FEP, alerta que aqueles dois indicadores "podem variar muito numa economia relativamente pequena como a portuguesa, com apenas alguns bilionários e um pequeno mercado de capital de risco", enquanto o subíndice de "valor" registou um desempenho pior face ao ano anterior, em resultado de uma queda no "valor económico", a área do índice que tem o maior peso.

 

"Os indicadores relacionados com a produção e o trabalho mostraram uma tendência preocupante, evidenciando uma deterioração em vários indicadores, como os respeitantes aos custos com a saúde, o investimento direto estrangeiro e a produtividade", acrescenta Óscar Afonso, autor do estudo a nível nacional, juntamente com a professora Cláudia Ribeiro e o Coordenador do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP, Nuno Torres.

 

Trata-se da quinta edição do EQx, que se apresenta como o principal ranking internacional de economia política, que mede a forma como o modelo de geração de riqueza das elites é mais ou menos extrativo em termos de poder (político e económico) e o seu potencial de tradução em valor (político e económico), penalizando ou favorecendo, respetivamente, o progresso do seu país.

 

A elaboração do EQx é da responsabilidade da universidade de Saint Gallen, na Suíça, em colaboração com uma rede internacional de parceiros e instituições académicas, entre as quais a FEP, parceira em Portugal.

 

Habitação e ferrovia impedem Portugal de obter melhor classificação  

 

Neste último EQx, que analisou 151 países e 146 indicadores, foi possível constatar que índice de qualidade global da elite portuguesa "apresentou uma melhoria significativa em 2024 (1,4 pontos em relação ao ano anterior, para 58,4 pontos)", sendo que, no que se refere a novos indicadores inseridos nesta edição, as classificações estão abaixo da média nacional: Ocupa o 55.º lugar no Índice de Acessibilidade da Habitação, o 41.º lugar na Densidade da Rede Ferroviária e o 27.º lugar no Índice Global de Inteligência Artificial.

 

"Enquanto Portugal progrediu na atenuação do potencial extrativo das elites, aferido pelo subíndice ‘poder’, tal não impediu uma deterioração em termos de valor gerado em 2024, com origem no valor económico. Indo mais para trás, comparando com a primeira edição do índice (relativa ao ano 2020, em que a maioria dos indicadores eram reportados a 2019), verifica-se que o subíndice de ‘poder’ está acima do nível pré-pandemia, mas o subíndice de ‘valor’ ainda não atingiu esse patamar", observa Óscar Afonso.

 

"Isso implica que a potencial diminuição da extração por parte das elites face ao que se verificava antes da pandemia ainda não se traduziu num progresso efetivo, em prol da sociedade, em termos de valor gerado pelos modelos de negócio das elites", conclui o diretor da FEP.

 

China e Estados Unidos sobem, a Alemanha mantém e a Índia cai

 

Em termos internacionais, depois da histórica mudança de líder do ranking, eis que Singapura regressou ao primeiro lugar, depois de ter sido ultrapassada pela Suíça no ano passado.

 

"Apesar das diferenças políticas e económicas entre estes dois países, ambos se destacam pela criação sustentável de valor, através dos modelos de negócios das respetivas elites", sinaliza a FEP.

 

Os Países Baixos, Japão e Nova Zelândia completam o top cinco do ranking.

 

Depois de ter caído do 8.º para o 9.º lugar no ano passado, o Reino Unido ficou fora do top 10 este ano, ocupando a 11.ª posição, com a FEP a destacar que desde o Brexit que o país tem perdido terreno nos rankings globais e falhado em atrair investimento estrangeiro.

 

Com a Alemanha a segurar a 8.ª posição, os Estados Unidos registaram uma melhoria, subindo cinco lugares para o 16.º este ano, enquanto a china também subiu uma posição, para a 21.ª.

 

A Índia caiu quatro lugares, posicionando-se este ano na 63.ª posição.

 

O EQx 2024 "reflete a inflação, os desafios ao comércio e à cooperação globais e a guerra na Europa e no Médio Oriente", revelando "uma imagem da criação de valor sustentável global e das perspetivas de crescimento futuro".