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27 dezembro 2024 07h20

Adeus 2024! Olá 2025!

Adeus 2024! Olá 2025!

Fecho da bolsa: Foi um ano de 2024 excecional para as ações, sobretudo americanas, com ganhos do S&P 500. Nasdaq 100 c Dow Jones.

 

 

O Dax alemão, apesar do segundo ano consecutivo de recessão da economia germânica. ganhou à volta de 18%, suportado pelas suas empresas tecnológicas. tais como a SAP. Enquanto isso, o francês CAC 40 caiu quase 4% em 2024, penalizado pela crise política e pelo elevado défice orçamental gaulês, associado aos custos sociais do envelhecimento da população, mas também pela gradual fragilidade da economia chinesa, um dos maiores mercados para os produtos das grandes empresas francesas de bens de luxo, que têm um peso substancial no CAC 40. O PSI termina o ano em baixa, a perder à volta de 3%. penalizado sobretudo pelo grupo EDP e pela Jerónimo Martins, enquanto a valorização da Galp cm 2024 evitou perdas mais acentuadas no ano.

 

 

A agudização das tensões geopolíticas e a desaceleração da economia chinesa contribuíram para uma ligeira descida do preço do petróleo, enquanto o principal metal industrial, o cobre, pouco valorizou. No entanto, o ouro obteve um ano também extraordinário, tendo ganho perto de 40%, registando máximos históricos consecutivos eo melhor ano desde 1979, quando valorizou 127%, impulsionado pelas perspetivas de descidas das taxas de juro em 2025 e pela situação geopolítica global.

 

 

As obrigações do tesouro continuam pressionadas pela robustez da economia norte-americana, perspetivas de taxas de juro mais elevadas por mais tempo e pelos défices orçamentais. Também na Europa, os juros da dívida francesa agravaram-se, penalizados pelo défice orçamental e dificuldades políticas. Entretanto, as obrigações das empresas, tendo mais risco de crédito do que de taxa de juro, tiveram um melhor desempenho que as obrigações soberanas.

 

 

A robustez da economia dos EUA foi extraordinária, tendo crescido cm termos reais à volta de 3% em 2024 e em termos nominais perto dos 6%, muito acima dos 4% esperados para o crescimento do PIB nominal da China em 2024. Embora o crescimento da IA funcione como um motor importante, essa dinâmica não é garantida indefinidamente, especialmente após mais de uma década de taxas de juro próximas de zero. A IA é como uma barragem que sustém uma albufeira a transbordar de taxas de juro elevadas. Porém, a "chuva”- simbolizada pela inflação e pelos défices orçamentais - mantém-se. sem sinais claros de alivio. Caso os investimentos em IA não proporcionem os retornos esperados pelos investidores em 2025, o mercado poderá corrigir, com os setores tecnológico e financeiro entre os mais vulneráveis a um eventual ajuste.

 

 

O PSI de Portugal termina o ano em baixa, a perder, ainda que ligeiramente, à volta de 3%, penalizado sobretudo pelo grupo EDP e pela Jerónimo Martins.

 

 

Na última reunião, a Fed indicou a intenção de realizar apenas dois cortes de juros em 2025. Esto aumento das taxas de juro é igualmente pressionado pelos défices orçamentais crónicos e cada vez mais acentuados. Neste contexto, não se pode excluir a possibilidade de uma descida do rating dos EUA em 2025, o que representaria uma nova ameaça à economia, enfraquecendo a capacidade de os mercados acionistas sustentarem taxas de juro elevadas por muito mais tempo.

 

 

Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior do Banco Carregosa