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Aforradores vão ter nova alternativa aos certificados

A bolsa de Lisboa está a preparar novos instrumentos de dívida pública portuguesa dirigidos aos pequenos investidores. O IGCP considera que a iniciativa é "positiva” e admite até vir "eventualmente” a constituir um canal de distribuição "adicional” de certificados de aforro.
Os investidores individuais que queiram apostar na dívida pública portuguesa vão ter uma alternativa aos certificados de aforro. A bolsa de Lisboa está a preparar novos derivados que servirão de base à oferta direcionada para o retalho e diz haver "apetência” pelas obrigações de mais longo prazo. Já a agência que gere a dívida pública considera que facilitar o acesso ao mercado promove a liquidez.
"Temos a intenção de lançar instrumentos dirigidos a retalho na área da dívida”, diz Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon, em declarações ao Negócios. "A Euronext acabou de lançar uma família de índices sobre o preço dos títulos do Estado de vários países, a partir dos dados do MTS [plataforma de ‘trading’ de dívida do grupo], nos quais se inclui a dívida portuguesa. O objetivo não é fazer o índice por fazer, é fazer o índice porque vai ser a base para lançar derivados futuros, opções, ETF, certificados, tendo estes índices como subjacentes”, refere.
Este objetivo está relacionado com o novo plano estratégico do grupo que gere a bolsa de Lisboa, que foi apresentado na semana passada em Paris. Depois dos derivados sobre ações do PSI, a ideia é avançar no mesmo sentido com as obrigações nacionais. "Isto vai ter impacto para a dívida pública portuguesa e depois, a seu tempo, também para a dívida de empresas. Porque o que também está no plano é o desenvolvimento do ‘bond vision’, que é um mercado sobretudo direcionado para a dívida de empresas”, indica.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP também vê a possibilidade com bons olhos. "Todas as plataformas que facilitem o acesso dos investidores de retalho ao mercado são positivas, porquanto promovem a liquidez e a maior participação do mercado de retalho na dívida soberana”, diz fonte oficial da agência liderada por Miguel Martín, em resposta por escrito ao Negócios.
Sublinha que a plataforma da Euronext poderá permitir a expansão geográfica da colocação dos produtos de dívida transacionável de Portugal, noutros mercados, bem como dar acesso a produtos de dívida de outros países aos investidores de retalho nacionais. "O mesmo já acontece noutras plataformas ‘fintech’”, refere.
Em junho, a Revolut anunciou que iria passar a disponibilizar obrigações no seu portefólio de investimentos, incluindo em Portugal. Ainda assim, a maior exposição das famílias portuguesas a títulos de dívida pública nacional é feita por via dos certificados. Fruto da corrida a estes produtos de poupança do Estado em 2023, e mesmo após 11 meses de resgates, o "stock” de certificados de aforro está próximo dos 33,9 mil milhões de euros.
"Há apetência para investir em dívida com prazos mais longos, que tem rentabilidades muito maiores." refere Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon
Tanto a bolsa como a agência que gere a dívida rejeitam que haja concorrência entre certificados e um novo produto com base em obrigações transacionadas em bolsa. "A plataforma da Euronext não é um ‘produto’ no mesmo sentido dos produtos ‘certificados de aforro’ (que é um produto não transacionável), pelo que não concorrem entre elas. Poderá eventualmente constituir-se um canal de distribuição adicional de certificados de aforro”, admite o IGCP.
Da mesma forma, Isabel Ucha sublinha que o certificado de aforro é um instrumento "muito simples, muito líquido” e que "não tem risco de preço”. "É como se as pessoas fizessem um depósito no Estado e tem aquela taxa de juros”, compara. "É uma opção de poupança que o Estado disponibiliza às pessoas – e bem –, mas não deve ser o único. E há, de facto, uma apetência dos investidores para investirem em instrumentos de dívida com prazos mais longos, que também têm rentabilidades muito maiores”, diz, acrescentando que, à exceção de Itália, há pouco acesso dos europeus a dívida.
É esse interesse dos investidores que a Euronext quer explorar, tendo por base a plataforma MTS, que foi comprada pelo grupo em 2021. Desde então, as receitas subiram 20% ao ano, tendo atingido 138 milhões de euros nos 12 meses terminados em setembro. No terceiro trimestre, as receitas de "trading” do grupo aumentaram 15,7% para 136,9 milhões de euros, impulsionadas por recordes na dívida e câmbio.
"Todas as plataformas que facilitem o acesso dos investidores de retalho ao mercado são positivas.", FONTE OFICIAL Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP
Moody’s deve elevar perspetiva de Portugal para ‘positiva’
Os analistas ouvidos pelo Negócios apontam para que a agência de notação financeira melhore o "outlook” para a qualidade da dívida soberana.
A Moody’s tem agendada para esta sexta-feira uma revisão da classificação da dívida soberana de Portugal e o mais provável é que se alinhe com as restantes agências de rating e eleve o "outlook” (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) de ‘estável’ para ‘positivo’.
Atualmente, a agência atribui a Portugal uma notação de ‘A3’, que corresponde ao 7.º grau da categoria de investimento de qualidade. Foi em novembro de 2023 que subiu o rating para o clube do ‘A’, ao passo que o "outlook” foi revisto em baixa, para ‘estável’. Na avaliação de maio deste ano decidiu-se pelo status quo, mas agora poderá decidir melhorar a perspetiva. É precisamente esse o entendimento de Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, e de Filipe Garcia, economista e presidente da Informação de Mercados Financeiros (IMF).
"Parece-me que a Moody’s deverá pelo menos subir a perspetiva para ‘positiva’, alinhando com o que a S&P e a Fitch já fizeram, sendo que o rating atual (‘A3’) é equivalente aos ‘A-’ dessas duas agências”, diz Filipe Garcia. "Além disso, a evolução da dívida/PIB (efetiva e prevista), bem como o comportamento das obrigações do Tesouro em mercado secundário em termos de ‘yield’ e ‘spread’ justificam uma melhoria na perspetiva”, aponta o presidente da IMF.
Paulo Monteiro Rosa recorda que a última revisão ocorreu a 17 de maio e que, nessa ocasião, a agência considerou que havia riscos elevados de novas eleições antecipadas, caso o orçamento do Estado para 2025 fosse rejeitado. No entanto, esses riscos desapareceram com a aprovação, na generalidade, do OE 2025”, frisa o economista sénior do Banco Carregosa.
E o cenário atual mantém-se promissor. "A consolidação das contas públicas continua, e espera-se que 2024 apresente mais um excedente orçamental. No Orçamento do Estado para 2025, o Governo português prevê um saldo orçamental positivo de 0,3% do PIB nominal. Este excedente reflete o compromisso do Executivo com a sustentabilidade das finanças públicas, mantendo a tendência de redução da dívida pública”, diz Paulo Rosa ao Negócios. Nos últimos seis meses, recorda o economista, "o rendimento do tesouro português a 10 anos caiu de 3,15% para 2,86%, refletindo a perspetiva de taxas de juro de curto prazo mais baixas, que são importantes para estimular positivamente o sentimento económico. O ‘spread’ do rendimento soberano português a 10 anos em relação ao ‘core’ alemão caiu de 63 pontos em maio para os atuais 44 pontos, confirmando o bom momento das contas públicas portuguesas”. E "esse ‘spread’ chegou mesmo aos 37 pontos-base no final de outubro, influenciado sobretudo pelas preocupações políticas na Alemanha”.
Paulo Rosa frisa ainda que "Portugal tem apresentado indicadores económicos positivos, especialmente na redução da dívida pública, o que pode influenciar positivamente a avaliação da Moody’s”. Além disso, "a estabilidade política recentemente alcançada com a aprovação do OE2025 também pode ser um fator favorável na análise da agência, uma vez que a confiança nas instituições governamentais é um dos critérios avaliados”.
"A última das principais agências a pronunciar-se foi a Fitch, a 20 de setembro, tendo mantido o rating de Portugal em ‘A-’ e melhorado a perspetiva para ‘positiva’. Essa revisão reflete o progresso contínuo na redução da dívida pública, o compromisso com uma política orçamental prudente e a desalavancagem externa, que reduzem as vulnerabilidades de Portugal”, diz Paulo Rosa. Daí que, no seu entender, "o mais provável é que a Moody’s melhore o ‘outlook’ de Portugal para positivo, alinhando-se assim com as restantes principais agências de classificação de crédito”.
Já relativamente à notação soberana, Filipe Garcia não a prevê, mas não exclui o "upgrade”. "É provável que o tema político nacional e mundial impeçam a subida de notação para ‘A2’, mas também não seria uma enorme surpresa se isso acontecesse”, diz ao Negócios.
CARLA PEDRO