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Apple, tendência do negócio, preço e valor
PAULO ROSA Economista Sénior do Banco Carregosa
Em 2023, o valor de mercado na Bolsa de Nova Iorque da Apple era 42 vezes superior ao seu valor contabilístico, ou seja, os capitais próprios (ativo subtraído do passivo) da dona do iPhone eram 42 vezes inferiores à cotação/ valor da empresa em bolsa, isto é, o Price Book Value (PBV, rácio do valor de mercado em relação aos capitais próprios) era de 42.
Quando as empresas não possuem ativos intangíveis, ou estes são irrelevantes, é normal que as suas cotações reflitam o seu valor contabilístico. Por exemplo, em 2023, o PBV do maior banco dos EUA, o JP Morgan, era de 1,6, e a cotação da Ford era 1,1 vezes superior ao seu valor contabilístico. No entanto, o PBV da Microsoft em 2023 era de 12,3, explicado pelos ativos intangíveis de 10 mil milhões de dólares da maior empresa de software do mundo e pelas suas aquisições de empresas que representam 70 mil milhões de dólares de Goodwill no balanço da Microsoft, acrescendo a estes ativos 100 mil milhões de dólares em imobilizado, 30 mil milhões de dólares em outros ativos de longo prazo e quase 200 mil milhões de dólares em ativos correntes de curto prazo, desde dinheiro, inventários/stocks e investimentos de curto prazo, totalizando 411 mil milhões de dólares de ativo em 2023. Subtraindo 205 mil milhões de dólares de passivo, os capitais próprios da Microsoft representavam 206 mil milhões de dólares no final do ano passado, 12,3 vezes inferior ao seu valor de mercado de 2,5 biliões de dólares.
No entanto, os capitais próprios da Apple são mais baixos, mais precisamente de 60 mil milhões de dólares. A Apple possui inúmeros ativos intangíveis, mas o seu valor não é suficientemente percetível para justificar uma linha separada no balanço. Habitualmente, os valores dos ativos intangíveis no balanço referem-se ao Goodwill e a marcas e direitos adquiridos. Como a Apple mantém um crescimento orgânico, não comprando outras empresas, o saldo de ativos intangíveis é limitado, ao contrário da Microsoft que compra muitas empresas. A maioria dos intangíveis da Apple são gerados internamente e, de acordo com a maioria dos princípios contabilísticos (tais como da GAAP e da IFRS), eles não podem ser reconhecidos nas demonstrações financeiras, a menos que exista outro intangível que seja muito semelhante noutra parte do mundo. Mas um iPhone é único! Então como se avalia uma empresa cujo valor em bolsa é 42 vezes superior aos seus capitais próprios? É certo que o PBV (valor de mercado face aos capitais) é de 42, mas o retorno dos seus capitais próprios (Return on Equity, ROE, ou seja, o rácio dos lucros face aos capitais próprios) é também elevado, tendo sido de 172% em 2023. Um ROE mais alto devido a um lucro mais elevado, desde que esse aumento do lucro seja sustentável, conduzirá provavelmente a um valor de mercado mais elevado e, portanto, a um PBV mais alto. Há uma correlação positiva, e enquanto esta se mantiver e o declive da regressão linear permanecer estável (a inclinação representa o PER, Price Earning Ratio, lucro por ação em relação à cotação), os investidores podem estar tranquilos. No entanto, a quebra desta tendência de alta dos lucros e das receitas da empresa, implicando uma subida significativa do declive da reta (um PER bem mais elevado) ou reversão da inclinação para negativa, seria um sério sinal de graves problemas da empresa. O retorno do capital é uma métrica importante na análise patrimonial, fornecendo informações sobre o desempenho da gestão, a lucratividade e a eficiência da utilização do capital.
Warren Buffett disse uma vez que o "Preço é o que se paga, e valor é o que se recebe”, sendo o preço algo subjetivo, dependente da lei da oferta e da procura, e o valor algo relativamente fixo, determinado pela capacidade de geração de cash flow de um negócio. A Apple gera bastante dinheiro, e enquanto esta tendência do negócio se mantiver, os investidores terão de pagar um PER acima da média do S&P 500. Também na última década gastou 645 mil milhões de dólares em recompras, limitando a subida dos capitais próprios, mas remunerando bem os acionistas.