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05 maio 2023 10h15

Banca, Fed e BCE penalizam mercados

Banca, Fed e BCE penalizam mercados
Tom ainda hawkish de Powell e de Lagarde e o regresso das dificuldades à banca regional americana penalizam mercados acionistas.

Os bancos regionais norte-americano têm sido penalizadas pelos receios renovados sobre o sistema financeiro. O índice bancário regional KBW caiu cerca de 9% na semana e na terça-feira desvalorizou 5,5%, a maior queda percentual diária desde 13 de março.

Diante das crescentes dificuldades, no início da semana, o First Republic, um banco regional dos EUA com um ativo de cerca de 215 mil milhões de dólares, foi comprado pelo JPMorgan. Também o PacWest, um banco regional da Califórnia, tem procurado ajuda financeira, mantendo conversas com potenciais parceiros e investidores.

O Pacwest reportou 44,3 mil milhões em ativos no trimestre fiscal encerrado em março de 2023, sendo um banco cinco vezes mais pequeno relativamente aos três bancos regionais norte-americanos intervencionados até ao momento (Silicon Valley Bank, Signature e First Republic, cada um com cerca de 215 mil milhões de dólares de ativo).

Na consequência da pior crise do sector desde 2008, as atuais dificuldades têm-se circunscrito aos bancos regionais. Depois da crise do subprime e conscientes da existência de bancos sistémicos, ou seja, bancos demasiadamente importantes para caírem (too big to fail), cujo seu desaparecimento poderia ter um impacto negativo no sistema financeiro regional e global, as autoridades norte-americanas exigiram aos bancos rácios de capital bastante mais elevados, assegurando dessa forma um sistema bancário mais sólido.

Em 2010, foi criada a lei Dodd-Frank, reforçando as exigências de capital e um escrutínio mais rígido a todos os bancos com mais de 50 mil milhões de dólares de ativo, ou seja, se é "demasiado grande para falir” também tem que apresentar rácios mais sólidos e prestar contas às autoridades mais frequentemente. No entanto, em 2018, esta lei foi parcialmente revertida, tendo o valor mínimo do ativo subido de 50 mil milhões para 250 mil milhões de dólares, afastando do perímetro de controlo e escrutínio boa parte dos bancos regionais norte-americanos. O Silicon Valley Bank, Signature Bank e First Republic tinham ativos à volta dos 215 mil milhões de dólares, um valor inferior ao escrutínio mais rígido.

As autoridades dos EUA preparam legislação para reverterem a situação de 2018 e apertarem novamente as regras. Isto poderá culminar num aperto do crédito à economia e desaceleração da atividade económica. Também os maiores bancos dos EUA vão reforçando os seus balanços com depósitos absorvidos aos bancos regionais. Poderemos caminhar para que grandes bancos sejam gradualmente ainda maiores, podendo ser a concentração da banca uma realidade num futuro próximo.

Entretanto, a Reserva Federal dos EUA aumentou as taxas de juro em 25 pontos base, como o esperado, mas manteve ainda uma postura hawkish, ou seja, apesar de ter sugerido que pode ter sido o último aumento, não fechou a porta a mais aumentos, muito menos a cortes de juros no segundo semestre, conforme antecipado pelo mercado. Uma posição ambígua que não agradou aos investidores, tendo a Fed na sua declaração alterado uma única palavra, ao afirmar que "determinarão se futuros aumentos são necessários”, enquanto da última vez eles haviam dito que "que antecipam que novos aumentos de juros serão necessários.” A palavra ‘determinar’ no lugar de ‘antecipar’, está essencialmente a transmitir aos mercados de que a Fed está agora em pausa? A ambiguidade persiste.

O Banco Central Europeu também aumentou os juros em 25 pontos base, tal como antecipado, mantendo também o tom hawkish, tendo Christine Lagarde referido que o BCE "não está em pausa, que fique claro” e de que "a perspetiva de inflação continua ainda muito alta”.