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Deflação chinesa ameaça o yuan

Fecho da bolsa: A maior economia da Ásia está em dificuldades, com o rendimento dos títulos a 10 anos cada vez mais distante do equivalente nos EUA.
O yuan chinês voltou a enfraquecer, atingindo o nível mais baixo dos últimos 16 meses face ao dólar, situando-se próximo dos valores do final de 2007, devido às crescentes pressões deflacionistas. O yuan parece estar ancorado a uma banda de flutuação informal em torno do máximo de 7 yuans por dólar, oscilando entre 7 e 7,30 desde meados de maio de 2023. No entanto, o forte recuo da inflação – com o Índice de Preços no Consumidor (IPC) a registar uma subida de apenas 0,1% em dezembro, em termos homólogos, o valor mais baixo desde os números negativos de janeiro do ano passado – e uma deflação contínua no Índice de Preços no Produtor (IPP), que caiu 2,3% no mesmo período e se mantém em terreno negativo há 27 meses consecutivos, pressionam em baixa as taxas de juro chinesas, penalizando o valor do yuan.
O rendimento dos títulos do tesouro dos EUA a 10 anos situa-se em 4,70%, enquanto o homólogo soberano chinês se encontra nos 1,62%, ampliando o diferencial das taxas de juro entre os dois países e favorecendo a moeda norte-americana. Para comparação, os rendimentos na Alemanha estão a 2,55%, no Japão a 1,19% e na Suíça a 0,38%. Este último valor, embora igualmente influenciado pela deflação, contrasta com o caso chinês, uma vez que a Suíça regista uma valorização do franco suíço, considerado um ativo-refúgio face à crise na zona euro, sobretudo no eixo franco-alemão. Nos prazos de 20 e 30 anos, os juros chineses – respetivamente de 1,94% e 1,87% – já se encontram abaixo dos japoneses, que registam 1,96% e 2,34% para os mesmos prazos.
Os juros de longo prazo mais elevados nos EUA e na Europa refletem o ressurgimento das pressões inflacionistas nos últimos meses, especialmente nos EUA, e o agravamento das contas públicas norte-americanas e francesas.
O colapso dos rendimentos chineses evidencia como a deflação, a dinâmica do crescente incumprimento da dívida, sobretudo no imobiliário, e as preocupantes tendências demográficas que afetam a maior economia da Ásia são semelhantes às que prejudicaram o Japão durante três décadas. A China, que tem sido o motor de crescimento global nos últimos 20 anos, tem agora rendimentos de títulos de longo prazo mais baixos que os do Japão, que anteriormente era exemplo clássico de estagnação económica deflacionista. Este fenómeno pode ser um sinal de que a "fábrica do mundo” enfrenta o risco real de "japonização”.
O governo chinês tem gradualmente substituído o setor privado no consumo e no investimento, reflexo dos sucessivos défices orçamentais elevados e do aumento da dívida pública, que passou de cerca de 40% do PIB há 15 anos para aproximadamente 85%. Esta dinâmica foi também observada no Japão a partir da década de 1990, após a implosão do seu setor imobiliário hipervalorizado.
Os rendimentos dos títulos da China caíram para os níveis mais baixos já registados, com o rendimento a dois anos prestes a descer abaixo de 1,00%, depois de ter sido de 1,50% há apenas alguns meses.
A dívida pública chinesa em pertentagem do PIB mais do que duplicou em 15 anos, ao mesmo tempo que o governo substitui os privados em múltiplos setores.
Paulo Monteiro Rosa, Economista Sénior no Banco Carregosa