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12 julho 2023 17h10
Fonte: Expresso

Estado português paga juro menor em emissão de dívida a 12 anos

Estado português paga juro menor em emissão de dívida a 12 anos

O Estado português colocou no mercado 749 milhões de euros em duas linhas de Obrigações do Tesouro (OT) esta quarta-feira, 12 de julho, com maturidades a seis e 12 anos, anunciou a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).

 

O juro pago nesta última, com o prazo mais longo, diminuiu face à última emissão comparável dada a expectativa de um abrandamento económico futuro pelos participantes do mercado.

 

Portugal emitiu 467 milhões de euros nas OT a seis anos, com maturidade em abril de 2029, a um juro de 3,181% e uma procura que ascendeu a 1,49 vezes a oferta. A última emissão comparável foi em fevereiro de 2022 - antes do ciclo de aumento das taxas de juro na zona euro - quando o Estado colocou 544 milhões de euros a seis anos a um juro muito mais baixo, de 0,603%.

 

Na linha a 12 anos, com maturidade em outubro de 2035, a procura foi de 6,58 vezes a oferta, tendo sido colocados 282 milhões de euros a uma taxa de juro de 3,587%. O que significa um cupão menor em relação à última emissão de OT com o mesmo prazo, em março deste ano, na qual angariou 790 milhões de euros a um juro de 3,744%.

 

"O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que iria fazer mais duas subidas nas taxas, movimento que tem penalizado as yields [rendibilidades] de curto prazo. No entanto a expectativa do mercado é que taxas mais elevadas e por um período mais longo acabem por conduzir a um arrefecimento económico, motivo pelo qual assistimos a uma descida nas taxas de juro de mais longo prazo”, analisa Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, em comentário enviado às redações.

 

"O prémio de risco de Portugal tem sido o mais reduzido dos países da periferia, fruto do bom desempenho económico e da redução que se tem vindo a fazer do nível de endividamento. Estes fatores estão a ser fundamentais para que no rollover [refinanciamento a prazos mais tardios] da dívida com taxas mais elevadas, como é a situação atual, Portugal não esteja a pagar prémios de risco mais elevados”, acrescenta.

 

O BCE já anunciou que deverá subir mais uma vez as taxas de juro na reunião de julho, provavelmente em 25 pontos-base, mas soam já os alarmes na zona euro em relação a este remédio contra a subida acelerada dos preços, vulgo inflação, com vários apelos a que não se mate o paciente, a economia dos países da zona euro, com a cura.

 

Os países da área do euro fecharam o segundo trimestre de 2023 com a segunda quebra do produto em cadeia, o que coloca a globalidade das economias da moeda única em recessão técnica. Antecipa-se que o ano seja de crescimento fraco na melhor das hipóteses.