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EUA perdem força e Europa não recupera da eleição de Trump
Fecho da bolsa dos mercados acionistas norte-americanos desvalorizaram ligeiramente esta semana, após os fortes ganhos impulsionados pela eleição de Trump, mas a Europa continua a marcar passo.
Os pedidos de subsídio de desemprego nos EUA voltaram a mostrar resiliência neste último mês, registando o número mais baixo dos últimos seis meses e evidenciando um mercado de trabalho robusto, capaz de sustentar a economia norte-americana. Em outubro, a inflação nos EUA manteve-se em linha com o esperado, com uma taxa homóloga de 2,6%, subindo de 2,4%, e 3,3% excluindo energia e alimentação. Este resultado reduz a margem de manobra para que a Reserva Federal (Fed) possa descer as taxas de juro, e, desde a eleição de Trump, o mercado espera apenas dois cortes da Fed Funds Rate em 2025, para um intervalo entre 3,75 % e 4%. Manter as taxas de juro nestes níveis por mais de um ano poderá deteriorar a economia à medida que as empresas renovam os seus empréstimos a taxas de juro mais elevadas.
O preço do petróleo segue próximo dos mínimos, dado o aumento das perspetivas de oferta. A desaceleração económica, especialmente na Europa e na China, tem reduzida a procura pelo petróleo, com as fraquezas da economia chinesa a desempenharem um papel determinante, uma vez que o país é um dos maiores consumidores globais. Nos EUA, o preço do petróleo West Texas Intermediate (WTI) atingiu o nível mais baixo desde dezembro de 2021, impactado também pela forte valorização do dólar desde a eleição de Trump.
Nos EUA, os republicanos consolidaram o poder, conquistando a administração e o controlo de ambas as câmaras do Congresso, o Senado e a Câmara dos Representantes, um cenário que tem penalizado as bolsas europeias.
As potenciais políticas comerciais protecionistas da administração Trump, incluindo tarifas sobre produtos europeus, sobretudo no setor automóvel, impactam o desempenho das empresas exportadoras da Europa, especialmente da Alemanha.
Além disso, as incertezas geopolíticas específicas afetam as bolsas europeias, particularmente no que se refere à guerra na Ucrânia e ao aumento dos gastos militares dos países da União Europeia, exigindo pelo menos 2% do PIB em defesa, aumentando a despesa pública.
O discurso e as políticas imprevisíveis de Trump relativamente aos aliados tradicionais da Europa intensificaram a incerteza nos mercados. A retirada dos EUA de acordos internacionais e as críticas à NATO cria um ambiente de instabilidade, desestabilizando os investidores europeus.
Por fim, o movimento de desaceleração da globalização prejudica a Europa e a China, economias altamente dependentes do comércio internacional e das cadeias de abastecimento globais para o crescimento económico. Esta tendência antiglobalização, impulsionada por políticas protecionistas e pela reorganização das cadeias de produção, traz impactos negativos, desde o aumento dos custos comerciais e políticos, elevando a inflação, provocando disrupções nas cadeias de abastecimento.
PAULO MONTEIRO ROSA
Economista sénior, Banco Carregosa