- O Banco
- Pessoas
- Todos os Serviços
- Private Banking
-
Poupança e Investimento
- Conceito Poupança e Investimento
- Soluções
- Tipologias do Investidor
- Abordagem de Investimento
- Equipa
- Contactos
- Plataformas GoBulling
- Institucionais e Empresas
- Insights
- Login My.BancoCarregosa
- Contactos
Insira o seu Utilizador para ter acesso ao seu Banco. complete a sua autenticação no ecrã seguinte.
Se ainda não é cliente abra a sua conta aqui ou contacte-nos para mais informações
Faça o seu login
Voltar
24 maio 2024
06h00
Fonte:
Expresso
Fraco crescimento do PIB é a maior ameaça ao euro
Nos seus 25 anos de vida, o euro vive uma crise de identidade provocada pelo fraco crescimento económico da região e pelo recrudescimento dos eurocéticos dentro de portas. Os próximos cinco anos podem ser determinantes para uma afirmação da moeda única, segundo os especialistas ouvidos pelo Expresso, que olham para a atuação do Banco Central Europeu (BCE) e para a competitividade do bloco como fulcrais.
"O principal problema da zona euro é mesmo a crescente fragilidade da economia e a gradual perda de competitividade”, começa por explicar Paulo Rosa, economista do Banco Carregosa, ao Expresso, realçando que o fraco crescimento económico coloca o continente muito aquém dos Estados Unidos.
Quando o euro foi lançado, em 1999, o Produto Interno Bruto (PIB) real do conjunto de países da zona euro era de 7,14 biliões de dólares, o que representava 74% da riqueza de Washington naquele ano. Os anos passaram e Bruxelas conseguiu fazer com que a economia europeia duplicasse, mas foi incapaz de acompanhar o ritmo de crescimento dos Estados Unidos. Em 2023, o PIB real da região representava apenas 55% do da maior economia do mundo, de acordo com o Banco Mundial.
Gonçalo Pina, professor na ESCP Business School, em Berlim, considera que, se este cenário se mantiver, "o euro poderá perder algum valor, o que terá efeitos financeiros de valorização de ativos”. Após ter escapado por pouco à recessão em 2023, a zona euro crescerá 0,8% este ano e 1,5% no próximo, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). As projeções para os Estados Unidos são de 2,7% e 1,9%, respetivamente.
O BCE, a crise e os máximos
No curto prazo serão também importantes as decisões tomadas pelo BCE, que tem em vista o primeiro corte de juros diretores na próxima reunião, em junho, o que, a acontecer, será uma antecipação face à Reserva Federal dos Estados Unidos.
Longe vão os máximos atingidos pela moeda única (chegou a equivaler a 1,6 dólares) em 2008, na altura da crise do subprime (crédito hipotecário de risco) nos Estados Unidos. Depois disso, "a resposta assimétrica das autoridades da zona euro à Grande Recessão afetou consideravelmente a perceção de coesão europeia, culminando na consequente crise das dívidas soberanas, seguida da depreciação do euro face ao dólar ao longo da década de 2010”, contextualiza o economista do Banco Carregosa.
Em outubro de 2022, a moeda chegou a valer menos de 1 dólar, o valor mais baixo desde o início do século. A partir do momento em que começou a circular, em 1999, perdeu mais de 7% para o dólar norte-americano.
O novo Parlamento
Tudo indica que as eleições europeias, marcadas para 9 de junho, vão alterar o desenho parlamentar com a ascensão de partidos da direita radical e com posições anti-Europa.
A pesquisa do Politico, que agrupa as sondagens de todos os 27 Estados-membros, mostra que o grupo I&D, de extrema-direita, pode ganhar cerca de 30 lugares, para 85, mas muito longe dos primeiros dois (PPE e S&D), que juntos preencherão quase metade do hemiciclo, com mais de 300 deputados.
Paulo Rosa considera que esta perceção de "reversão da coesão europeia” pode minar a força da moeda única, enquanto Gonçalo Pina afasta qualquer relação, "mesmo com alguma divergência pontual em termos económicos ou políticos” dentro do Parlamento. E há ainda quem vá mais longe.
"O futuro da moeda única não está minimamente condicionado pelas próximas eleições europeias”, diz Mário Martins, analista da ActivTrades, ao Expresso, argumentando que "não existe qualquer probabilidade de que forças antimoeda [...] coloquem em causa o rumo da política económica europeia”.
Que sistema financeiro teremos?
O abalo da crise de 2008 ainda faz tremer a reputação do sistema financeiro tradicional. O fim do Credit Suisse e a crise regional da banca norte-americana, no ano passado, levantaram fantasmas antigos. Para os especialistas ouvidos pelo Expresso é importante uma maior integração do sistema.
"Idealmente, teríamos um sistema financeiro mais integrado em 2029. Ainda há muitas oportunidades para um mercado de capitais comum ou uma união bancária efetiva. A integração dos serviços financeiros é uma oportunidade para aumentar o crescimento económico na zona euro”, defende Gonçalo Pina.
O crescimento das moedas digitais poderá também ser reforçado, diz Paulo Rosa. "O sistema financeiro, monetário, bancário será eventualmente diferente em 2029. Os Estados têm também trabalhado no intuito da mudança, receando a concorrência das criptomoedas, avançando com as suas próprias moedas digitais.”
Mário Martins olha para a digitalização dos serviços e a inteligência artificial como uma realidade daqui a cinco anos, antevendo fusões e aquisições na banca europeia para que as instituições possam "competir a nível global”.
O que defendem os partidos?
Nos programas eleitorais para as eleições europeias são poucos os partidos que se referem à moeda única ou ao sistema financeiro europeu e ainda menos os que desenham medidas concretas sobre a temática. A coligação CDU é a mais reivindicativa neste tema, propondo a criação de um programa para preparar a saída negociada da moeda, no caso dos países que assim o desejem. Diz ainda que a "recuperação da soberania monetária é uma necessidade estrutural do país” e que seria "irresponsável ignorar as consequências de 25 anos de moeda única”. O Livre propõe completar a União Bancária para garantir a integridade da zona euro e protegê-la de futuros choques financeiros e separar a banca comercial da banca de investimento em toda a UE. Entre as propostas das maiores forças políticas destaca-se uma medida do Partido Socialista, que quer acompanhar atentamente as novas regras de governação económica da UE, de forma a respeitar a sustentabilidade da moeda única e contas certas. Os programas dos restantes partidos não apresentam medidas concretas sobre a sustentabilidade da moeda única ou do sistema financeiro.
O que é o euro digital e porque é que o Banco Central Europeu (BCE) o quer lançar?
Em 2020, ano da pandemia, o BCE decidiu começar a estudar um eventual lançamento do euro digital, seguindo outros bancos centrais pelo mundo na criação da sua própria moeda digital. A ideia passa por criar uma forma de pagamento digital gratuita e de fácil acesso para todos os europeus.
Em que fase está o processo de lançamento? O BCE encontra-se, desde outubro de 2023, na fase de preparação do projeto. Esta etapa vai definir as bases do seu funcionamento, como as regras e a rede de distribuidores, e irá incluir a experimentação. Prevê-se que termine em outubro de 2025. A Comissão Europeia tem também participado no processo de legislação.
As notas e as moedas vão desaparecer?
Não. O euro digital será complementar à circulação de moedas e notas no espaço europeu. No entanto, esta é uma resposta que o BCE dá à queda do uso do dinheiro físico, uma tendência que se evidenciou durante a pandemia.
Que outros bancos já lançaram a sua moeda digital?
A China foi a primeira grande economia a lançar-se neste campo, em 2014. Atualmente, está ainda em fase piloto, mas grande parte da população já usa o yuan digital. Neste momento há quatro bancos centrais já com as suas próprias moedas digitais ativas: Jamaica, Nigéria, Bahamas e Zimbabué. Nos EUA, o dólar digital está ainda em fase de estudo, mas países como a Dinamarca ou o Equador cancelaram os seus projetos.