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09 abril 2023
09h25
Fonte:
Diário de Notícias
Gasóleo baixou 8,6% desde o início do ano, gasolina está 1,4% mais cara

A instabilidade nos mercados provocada pela invasão da Ucrânia ainda se faz sentir, designadamente nos combustíveis, o que levou o governo a manter, pelo menos até 17 de abril, as medidas de mitigação da subida dos preços, por via, entre outras, da redução do ISP e da suspensão da atualização da taxa de carbono. A redução da carga fiscal corresponde a 34 cêntimos por litro quer na gasolina quer no gasóleo, cujo preço médio, esta semana, foi de 1,494 euros o litro do gasóleo e 1,693 euros o litro da gasolina. Comparativamente ao arranque do ano, a gasolina está 1,4% mais cara, mas o gasóleo está 8,6% mais barato.
Em termos práticos, os portugueses estão a pagar o gasóleo 14 cêntimos mais barato do que a 2 de janeiro, o que, no abastecimento de um depósito de 50 litros, representa uma poupança de sete euros. Pelo contrário, a gasolina está a custar mais 2,3 cêntimos por litro, o que significa mais 1,15 euros num abastecimento de 50 litros.
Comparativamente aos preços médios de há um ano, de acordo com os dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, o gasóleo está 22,5% mais barato, o que corresponde a menos 43,3 cêntimos por litro do que os 1,927 euros que custava na semana de 4 de abril de 2022. Já a gasolina estava, então, a 1,989 euros o litro, pelo que custa agora menos 29,6 cêntimos por litro. É uma poupança de 14,5%.
Já na próxima semana é esperado que os preços do gasóleo e da gasolina sofram uma ligeira revisão em alta, com uma subida de 1 cêntimo por litro no gasóleo e 1,5 cêntimos na gasolina 95 simples. Isto apesar das cotações do petróleo terem disparado mais de 6% no arranque da semana, em reação ao anunciado corte de mais um milhão de barris diários na produção dos países da OPEP e seus aliados, a partir de maio, mas que entretanto estabilizaram em torno dos 85 dólares. Somados ao anterior corte já em vigor, estamos a falar de uma redução total na produção de petróleo bruto de 3,66 milhões de barris por dia e que correspondem a 3,7% da procura global.
A grande incógnita agora é saber como vão os mercados ajustar-se a este novo corte na produção e, sobretudo, os seus efeitos na inflação, já que se esperava que a descida das cotações - o Brent, que serve de referência na Europa, iniciou a sua tendência de descida mais ou menos consolidada a partir de julho do ano passado, mas a verdade é que, no último ano, tanto chegou a cotar nos 125 dólares o barril, o valor mais elevado das últimas 52 semanas, como chegou a tocar nos 70 dólares - ajudasse a economia mundial a sair mais rapidamente da crise inflacionista.
Para Ricardo Marques, analista da IMF, parte da explicação para os cortes está associada a uma procura mais fraca do que o antecipado. "Olhando para os índices de atividade da indústria na China e nos EUA apresentados no início desta semana, é fácil concluir que não estamos numa fase de forte procura. Os stocks globais de petróleo têm vindo a subir nos últimos meses e estão em máximos desde 2021, sendo esta uma das explicações para a queda dos preços que se verificou durante o mês de março", diz.
Quanto ao futuro, tudo dependerá da evolução real do consumo, e do rigor com que forem implementados os cortes da OPEP+. "Não nos podemos esquecer que em novembro a OPEP anunciou um corte de dois milhões de barris diários na sua produção e desde então os preços têm vindo a baixar, quando na altura havia quem acreditasse no contrário", sustenta.
Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, lembra que a Arábia Saudita invocou a necessidade de apoiar a estabilidade do mercado para justificar os novos cortes voluntários na produção, mas que nem todos os países estão em igualdade de circunstâncias. "O acordo firmado pela OPEP+ vincou bem a postura dos seus países membros, prometendo muito provavelmente cortes futuros adicionais sempre que a cotação do barril de petróleo desça consideravelmente abaixo dos 80 dólares. No entanto, se para a Arábia Saudita, e outros países da Península Arábica, grandes produtores, é talvez relativamente mais fácil conviver com uma redução da extração de petróleo, para países com uma produção menor, onde a quantidade acaba por ser mais importante do que o preço, tende a crescer o incentivo por parte destes para não cumprir os acordos de corte", diz.
Por outro lado, e se é verdade que o corte na produção coloca uma pressão em alta dos preços nas próximas semanas, não é menos certo que essa alta "estará sempre dependente da evolução da economia global, sobretudo dos grandes blocos económicos, EUA, União Europeia e China. Podendo ser limitada a subida, ou mesmo revertida para uma desvalorização, se os números da economia se forem degradando, à medida que cresce a probabilidade de uma recessão nos EUA". Mas uma recessão nos EUA pode ser sinónimo, diz, de desentendimentos no seio da OPEP+.
"Se os preços reverterem a subida dos últimos dias, a OPEP+ vincou implicitamente a sua vontade de voltar a cortar a produção, aumentando o dilema no seio da organização entre os países membros que olham mais para o preço e aqueles que veem na quantidade a variável mais importante", defende. Uma coisa é garantida: este acordo "promete dificultar o trabalho da Fed e do BCE na tentativa de ancorarem novamente as expectativas para a inflação junto do objetivo de estabilidade de preços de 2%", sublinha Paulo Rosa.
Já Henrique Tomé e Vítor Madeira, analistas da XTB, consideram que a eventual subida das cotações do petróleo poderá não agravar a situação inflacionista, dado que o consumo está a diminuir por via das políticas monetárias adotadas pelos bancos centrais que desincentivam a procura dos agentes económicos. "Apesar do corte da produção de petróleo, a atual conjuntura económica não apoia o cenário de subida dos preços", dizem.
Por outro lado, há que ter em conta o papel da China nesta temática. "Quando a economia chinesa voltou a reabrir, esperava-se que houvesse uma maior procura por petróleo, sendo que isto acabou por não acontecer. Porém, a economia chinesa não está a abrandar tanto como as restantes economias ocidentais e se a atividade económica retomar, poderá haver uma nova procura pela China que poderia influenciar uma subida dos preços", reconhecem.
Certo é que se trata sempre de más notícias para os consumidores nacionais. "Será mais uma variável a agravar a situação macroeconómica portuguesa, já que Portugal depende muito da importação de combustíveis fósseis e os agentes económicos deverão sair mais uma vez penalizados", acreditam. Paulo Rosa concorda: "Uma alta dos preços do petróleo é negativa para o nosso país, subtraindo crescimento económico e podendo acelerar novamente a inflação. Uma subida da cotação do petróleo em euros é sinónimo de preços mais elevados nas bombas de gasolina".