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25 novembro 2024 15h35

Google: Decisão nos EUA pode gerar efeito de contágio e volatilidade acrescida no sector

Google: Decisão nos EUA pode gerar efeito de contágio e volatilidade acrescida no sector

Especialistas consultados pelo JE dizem que a incerteza gerada pela decisão do Departamento de Justiça que determinou que a Google deve desinvestir no browser Chrome, "pode continuar a pressionar negativamente” o desempenho das ações da Alphabet (proprietário da Google) no curto prazo. Mas os efeitos podem chegar às big tech.

 

 

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América determinou que o Google deve desinvestir no browser Chrome . Especialistas alertam que a incerteza gerada pela decisão podem "influenciar negativamente” as ações da Alphabet (proprietária da Google) no curto prazo e criar um efeito de contágio nas bigtech norte-americanas bem como trazer "volatilidade acrescida” ao sector.

 

 

O economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Monteiro Rosa, diz ao Jornal Económico, que a decisão do Departamento de Justiça norte-americano já teve repercussões ao nível das ações da Alphabet. Iniciou-se com uma descida superior a 4%, na quinta-feira, a que se seguiu uma nova queda, desta vez mais branda, inferior a 1%, em pré-mercado na sexta-feira.

 

 

Esta segunda-feira a Alphabet está a negociar em alta com uma subida de 1,6%.

 

Para Paulo Monteiro Rosa a reação do mercado "está a refletir os receios” dos investidores em relação aos "potenciais impactos” de desinvestimentos e restrições, que "podem comprometer” a estrutura e a rentabilidade da empresa.

 

 

Contudo o economista do Banco Carregosa salienta que este processo legal, originado pelo Departamento de Justiça, "ainda está em andamento” com o Google a afirmar com vai recorrer dessa decisão das instâncias judiciais norte-americanos.

 

 

Mas Paulo Monteiro Rosa considera que a incerteza gerada "pode continuar a pressionar negativamente” o desempenho das ações da Alphabet no curto prazo.

 

 

"Além disso, há o risco de um efeito de contágio, que pode afetar outras big techs americanas, à medida que aumentam os receios sobre regulações ainda mais rígidas no sector”, diz o economista do Banco Carregosa.

 

 

Já o trader do Banco Best, Ângelo Custódio, considera, em declarações do Jornal Económico, que a decisão das autoridades norte-americanas "poderá levar a uma volatilidade acrescida” no sector, especialmente entre empresas que dependem de publicidade e modelos de negócio baseados em dados, com "impacto direto” nos títulos da Alphabet que "provavelmente estarão sujeitos a uma pressão adicional com potencial impacto na sua cotação” em mercado.

 

 

"Numa visão mais global, se o Governo dos Estados Unidos da América forçar tal medida, poderá inspirar ações regulatórias semelhantes noutras jurisdições, particularmente na União Europeia , que tem estado ativa na regulamentação contra as grandes empresas tecnológicas. Esta situação poderá criar um efeito cascata nas estratégias, no posicionamento de mercado e nas perspetivas financeiras das principais empresas globais de tecnologia”, considerou Ângelo Custódio.

 

 

O trader do Banco Best reforça que a pressão exercida pelos reguladores norte-americanos para que o Google venda o Chrome, alegando a violação da lei da concorrência, terá um "claro impacto” nas receitas e na evolução dos títulos .

 

 

"O motor de busca Chrome é um componente essencial do ecossistema Google , contribuindo diretamente para as suas fontes de receita, como é o caso da publicidade e "pesquisa de dados””, explica o trader do Banco Best.

 

 

Ângelo Custódio acrescenta que apesar de uma potencial venda do Chrome poder vir a render cerca de 20 mil milhões de dólares à Alphabet (proprietária da Google), os investidores "podem ver o "desinvestimento” como um "revés” para o domínio da empresa na indústria tecnológica, que se pode traduzir numa "redução da sua capitalização-bolsista, caso o mercado aceite que esta venda possa afetar os seus lucros no curto prazo”.