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10 abril 2024 11h10
Fonte: Expresso

Portugal paga menos juros no primeiro leilão após posse do governo de Montenegro

Expresso

O Tesouro português colocou esta quarta-feira 1523 milhões de euros em três leilões de obrigações de longo prazo na primeira operação de mercado depois da tomada de posse do novo governo chefiado por Luís Montenegro. Pagou taxas mais baixas do que em leilões anteriores e continua a ter um custo de colocação de dívida inferior ao espanhol.


Portugal regressou esta quarta-feira ao mercado de dívida com uma colocação de 1523 milhões de euros através de três leilões de obrigações de longo prazo, tendo pago juros inferiores aos registados em operações anteriores. Esta operação é a primeira depois do novo governo de Luís Montenegro ter tomado posse, na sequência das eleições legislativas antecipadas de 10 de março, em que a coligação AD ganhou tangencialmente. 


Com esta emissão, o Tesouro já concretizou 62% do programa de colocação de dívida obrigacionista para 2024 que foi revisto em alta pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) para um total a emitir de 16,2 mil milhões de euros até final do ano. Com a operação desta quarta-feira, Portugal já emitiu um pouco mais de 10 mil milhões de euros em dívida obrigacionista. 


O juro de 2,937% pago na emissão a 10 anos realizada esta quarta-feira é inferior ao pago pelo Tesouro espanhol, este mês, num leilão de dívida similar, onde pagou 3,190%. 


Portugal pagou na emissão a vencer em abril de 2034 um juro de 2,937%, abaixo dos 3,149% registados no leilão anterior realizado em 14 de fevereiro e inferior à taxa de 2,997% paga em janeiro aquando do lançamento dessa nova linha de referência a 10 anos através de uma operação sindicada em que colocou 4 mil milhões de euros. O juro pago no leilão é, também, inferior ao do mercado secundário esta quarta-feira (ligeiramente acima de 3%). 


As emissões de dívida obrigacionista continuam a beneficiar de um duplo contexto favorável: " As expetativas de que o Banco Central Europeu vá iniciar o ciclo de descida de taxas de juro em junho, aliado ao fato de Portugal ter visto revisões em alta, quer do seu rating quer das perspetivas para a sua economia, têm levado a uma ligeira descida dos prémios de risco nacional”, refere Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa. 


Recorde-se que a notação da dívida faz, agora, o pleno das cinco principais agências de rating , no escalão A, mais favorável à ampliação dos investidores interessados na dívida portuguesa, e que as contas nacionais registaram um excedente de 1,2% do PIB, o maior desde o 25 de abril, e o segundo superávite alcançado pelos governos de António Costa.


Portugal colocou 641 milhões de euros na linha a vencer em abril de 2034, mais 353 milhões na obrigação de junho de 2038 e 529 milhões na linha com maturidade em fevereiro de 2045. 


O spread em relação à dívida alemã, na operação a 10 anos, ficou em 56 pontos-base, em relação ao mais recente leilão de obrigações alemãs naquele prazo, onde o Tesouro germânico pagou 2,38%. No leilão, esta diferencial ficou abaixo dos 66 pontos-base verificado esta quarta-feira no mercado secundário da dívida (onde se transacionam os títulos entre os investidores). O mercado primário é o de emissão de títulos pelos Estados.