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17 maio 2024 09h10

Economistas anteveem manutenção do rating de Portugal pela Moody’s

Jornal Económico

A Moody’s avalia hoje o rating de Portugal depois de em novembro ter subido o ‘rating’ para ‘A3’, com perspetiva estável e o Jornal Económico pediu a alguns economistas a antevisão do que poderá a agência fazer à notação financeira do país num contexto de um novo Governo de direita. No geral a opinião é que a Moody’s vai manter o rating soberano.


O economista João Duque espera que a Moody’s mantenha esta sexta-feira o rating de Portugal. "Não vejo razões para mudar (ainda)”, afirma o professor catedrático do ISEG.


O presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, por sua vez, também diz que "não me parece que a Moody’s faça qualquer alteração [ao rating]”.


"Pela positiva, a Moody’s poderá dar destaque ao comprometimento do novo Governo com a disciplina nas contas públicas e à trajetória de crescimento da economia, melhor do que a média europeia, ainda que pior do que dos países da coesão”, refere Filipe Garcia.


O economista da IMF diz ainda que "pela negativa, poderá ser notado o risco de instabilidade governativa e potencialmente orçamental, bem como a aprovação de medidas despesistas à revelia do Governo”.


O presidente da IMF defende que "nos modelos, a Moody’s deverá ter em conta a descida do spread face à Alemanha e do nível da taxa a 10 anos, mas também a dinâmica mais desfavorável que se vai instalando na relação entre as taxas de juro e a evolução do PIB nominal e, por conseguinte, na receita fiscal presente e futura comparadas com a evolução da taxa de juro marginal”.


Já o economista António Nogueira Leite também concorda que a Moody’s deverá manter o rating de Portugal. "É possível que a Moody’s queira esperar para ver se a trajetória orçamental e a postura quanto às finanças públicas se mantêm ao ritmo a têm vindo a decorrer”, diz António Nogueira Leite.


"Não é habitual que com mudança do Governo haja alteração da perspectiva [outlook] a não ser que houvesse declarações ou medidas de politica disruptivas face à trajetória, o que não é o caso”, avança Nogueira Leite.


"Portugal tem sido elogiado pela dívida abaixo de 100%, sendo o mais provável que o rácio da dívida pública fique abaixo dos 100% em 2024, e é a manutenção desta trajetória de descida que interessa aos investidores em dívida pública portuguesa”, defende o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa, que antevê que "eventualmente a Moody’s manterá o ‘rating’ em "A3”, mas é possível que o outlook seja revisto em alta para positivo”.


"Em novembro, a Moody’s melhorou a notação de ‘rating’ da dívida da República Portuguesa para ‘A3’, com perspetiva estável. Hoje, dia 17, eventualmente a Moody’s manterá o ‘rating’ em ‘A3’, mas é possível que o outlook seja revisto em alta para positivo”, defende Paulo Rosa.


"A Moody’s reiterará, com certeza, a contínua confiança na tendência positiva das contas públicas certas em Portugal, mas não deixará de mencionar, muito provavelmente, que um Governo suportado por uma coligação minoritária pode ser um sinal de fragilidade no reforço dessa mesma trajetória de baixa do rácio da dívida pública portuguesa face ao PIB nominal”, adianta o economista do Banco Carregosa.


Paulo Rosa ressalva que "um governo suportado por uma coligação minoritária pode travar temporariamente revisões em alta da classificação de crédito da República Portuguesa”.


O economista sénior do Banco Carregosa lembra que "nas últimas semanas, tem existido algum ruído e eventual equívoco entre contabilidade pública, baseada na ótica de caixa, em que são considerados os recebimentos e pagamentos ocorridos num dado período, e contabilidade nacional, baseada nas regras do Sistema Europeu de Contas, e apurada pelo INE”. O economista refere-se à divergência entre o atual ministro das Finanças e o anterior sobre as contas públicas radicadas entre a diferença entre contabilidade nacional e contabilidade pública.


"Em boa verdade, os dados da execução orçamental estão em contabilidade pública, aquilo que foi efetivamente pago e aquilo que foi mesmo recebido, e não em contabilidade nacional, aquilo que é preciso pagar e os créditos que faltam receber”, defende Paulo Rosa.


Em detalhe o economista explica que "a diferença entre contabilidade pública e contabilidade nacional é a mesma que existe entre um recibo e uma fatura, ao nível da contabilidade de uma empresa. Ou seja, a empresa já recebeu dados montantes (recibo), mas ainda falta receber outras quantias que lhe devem (fatura), bem como a empresa já pagou (recibo), mas ainda deve dinheiro (fatura)” pelo que "algum diferendo que haja é de curto prazo e de somenos importância”.