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06 junho 2024 16h15

Juros: Primeira descida este ano

Nascer do Sol

As taxas de juros baixaram. Esta redução de 25 pontos base vai ao encontro das expectativas que já tinham sido apontadas pelos analistas ao Nascer do SOL. A taxa fixa de operações principais de refinanciamento recuou para 4,25%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez desceu para 4,5% e a de facilidade permanente de depósito para 3,75%. Esta descida irá provocar um recuo a um ritmo moderado das taxas Euribor e assim baixar a prestação de quem tem créditos, nomeadamente o da habitação. 


Ao nosso jornal, Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do banco Carregosa diz que «tal como o esperado, o BCE cortou as suas taxas de juro diretoras em 25 pontos base, a primeira redução desde setembro de 2019. A taxa de depósitos desceu de 4% para 3,75%. O importante agora é saber se este corte é o início de um novo ciclo expansionista ou apenas um de mais dois ou três cortes ao longo de 2024. Entretanto, o banco central da Zona Euro reviu em alta as perspetivas para a taxa de inflação para 2024 e 2025, o que poderá condicionar um corte mais agressivo das taxas de juro nas próximas reuniões, tendo o euro reagido em alta, beneficiando da perceção de taxas de juro elevadas por um período de tempo mais longo».


Também Ricardo Evangelista, diretor executivo da ActivTrades Europe lembra que «esta decisão já era amplamente antecipada», referindo que as taxas Euribor já estavam a descer, «refletindo a expectativa de que o BCE começaria a baixar os juros em junho, o que já estava a permitir uma redução dos custos de financiamento a taxas variáveis». 


E diz que esta confirmação do corte «acentua ainda mais este cenário positivo, aumentando a confiança das empresas para investir e das famílias para consumir».


Mas deixa um recado: «Não é ainda o momento de celebrar o fim da política monetária restritiva do BCE. Como esperado, Christine Lagarde adotou um tom cauteloso durante a conferência de imprensa, enfatizando a importância de decidir reunião a reunião, com base nos dados disponíveis. Atualmente, os mercados têm precificados cortes totais de 0,6% para 2024. Este número inclui os 0,25% anunciados hoje, outro corte similar no final do verão, e a possibilidade de um terceiro antes do final do ano; uma visão recentemente corroborada por Philip Lane. O economista chefe do BCE indicou que podem ocorrer descidas adicionais dos juros ao longo do ano, mas destacou que a política monetária do BCE permanecerá restritiva – o que, para a maioria dos economistas, significa taxas acima dos 3%. Existem vários motivos que justificam esta postura cautelosa: Os salários na zona euro subiram 4,7% no primeiro trimestre e o desemprego atingiu um mínimo histórico de 6.4% em abril, enquanto, após vários meses em queda, a inflação registou uma ligeira subida em maio, fixando-se nos 2,6%. Simultaneamente, uma divergência excessiva entre a política monetária do BCE e a da Fed, que não deve baixar os juros até ao final do ano, poderia levar a uma desvalorização significativa do euro. Isso anularia qualquer vantagem competitiva devido à importação de inflação que tal cenário acarretaria».

 

Já os analistas da XTB lembra que esta descida «faz do BCE o segundo banco central do G7 a iniciar o ciclo de flexibilização, depois de o Banco do Canadá ter decidido cortar as taxas ontem. Esta será a primeira vez que o BCE baixa a taxa de juro desde 2019».


E recordam que para já os mercados estão a prever três cortes nas taxas este ano: junho, setembro e dezembro. «Atualmente, os mercados consideram que existe cerca de 80% de hipóteses de um corte de 25 pontos base em setembro e uma outra mudança de 25 pontos base em dezembro, o que colocará a taxa da facilidade permanente de depósito em 3,25% no final do ano».