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28 julho 2023 17h45

Mercados em máximos com postura menos hawkish dos bancos centrais

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Fecho da semana a Ações beneficiam de posições menos hawkishdos bancos centrais norte-americano e europeu, mas também da divulgação de dados económicos mais favoráveis.


A narrativa de um soft landing da economia norte-americana ganhou ainda mais força esta semana, beneficiando dos números favoráveis dos pedidos de subsídio de desempego inferiores ao esperado, nomeadamente de 221 mil, o número mais baixo desde meados de março, e do crescimento de 2,4% do PIB dos EUA no segundo trimestre, acima dos 1,8% esperados.


Estes dados corroboram uma Reserva Federal norte-americana mais perto da sua taxa de juro terminal, conjugando um mercado de trabalho ainda resiliente a uma gradual estabilização dos preços, abrindo a porta a um cenário goldilocks que os investidores aplaudem com máximos. Os principais índices acionistas norte-americanos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100, renovaram esta semana novos máximos desde janeiro de 2022. Também na Europa, o francês Cac 40 aproximou-se do máximo histórico registado no final de abril e o principal índice acionista germânico, o Dax 40, atingiu mesmo novos máximos históricos.


Tal como esperado, o BCE e a Fed aumentaram as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto percentual. Christine Lagarde referiu que a inflação deve permanecer ‘muito alta por muito tempo’, não partilhando, no entanto, nenhuma orientação futura sobre os próximos movimentos, moderando, assim, a sua postura hawkish.


Uma posição menos hawkish também foi partilhada por Jerome Powell, tendo o presidente da Fed referido que o banco central dos EUA irá esperar pelos relatórios do emprego, e dados da inflação, em agosto e setembro, antes de formar qualquer posição para a próxima reunião nos dias 19 e 20 de setembro. No entanto, a greedflation tem mantido as margens mais elevadas, sustentando a economia e a inflação core (subjacente).


Se nos próximos meses os números do emprego continuarem robustos, mas a inflação corereverter a sua atual tendência de queda, a Fed será forçada a abandonar a sua postura mais moderada, assumida esta semana. Uma política monetária mais restritiva poderá ser uma realidade, podendo o banco central dos EUA manter-se hawkishpor mais tempo do que o estimado e Powell revelar-se um Volcker 2.0. Ou então, o mercado de trabalho deteriorar-se e a taxa de desemprego superar os 4,4%, valor da NAIRU, contribuindo para a queda da inflação core.


No primeiro semestre, apesar da crescente recessão na indústria e energia, o setor dos serviços permaneceu forte. Assim, é muito pouco provável que a inflação core, sobretudo dos serviços, abrande para os 2% sem uma recessão económica… Há uma relativa relação direta entre a evolução do PIB e a inflação dos serviços.

 

Christine Lagarde referiu que a inflação deve permanecer ‘muito alta por muito tempo’, mas não partilhou nenhuma orientação futura sobre os próximos movimentos.

 

 

Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa